Título: Governo vai liberar R$3,5 bilhões em emendas
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 04/10/2007, O País, p. 9

Em meio às negociações para aprovar CPMF, Planalto anuncia que vai abrir o cofre para aliados e até para oposição

BRASÍLIA. Com o processo de votação da proposta de prorrogação da CPMF sendo ameaçado pelos aliados do governo no Congresso, o Palácio do Planalto decidiu cumprir o que prometeu. Pelo menos no que diz respeito à liberação de emendas de parlamentares ao Orçamento de 2007. O ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) anunciou ontem que o governo vai liberar R$3,5 bilhões nos últimos quatro meses deste ano, numa média de R$900 milhões por mês. Apesar da pressão dos aliados pelas verbas orçamentárias, Mares Guia tentou dar tom de normalidade às liberações. Segundo ele, a concentração se deve ao atraso no processo de liberação. E afirmou que parlamentares de oposição também serão atendidos.

- Não se surpreendam porque nós vamos liberar R$3,5 bilhões de emendas em quatro meses. Vai dar quase R$900 milhões por mês. Vai dar mais de R$200 milhões toda semana. E estamos liberando para a oposição também - disse o ministro, pouco depois de se reunir com o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO).

Segundo Mares Guia, no próximo ano, o governo vai liberar os mesmo R$ 3,5 bilhões, mas já a partir de abril, não se acumulando nos últimos meses de 2008:

- Em vez de liberar em quatro meses - setembro, outubro, novembro e dezembro -, nós não vamos deixar atrasar como aconteceu este ano. Portanto, vamos liberar em valores menores, mas ao longo do ano inteiro.

Na reunião com Raupp, o ministro tratou das demandas do PMDB - que na semana passada liderou uma rebelião contra o governo, derrubando a medida provisória que cria a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo. Os senadores peemedebistas cobram nomeações no setor elétrico, que estão pendentes em razão da indefinição do retorno de Silas Rondeau para o Ministério de Minas e Energia.

- São as mesmas demandas, alguns cargos do setor elétrico estão parados em função de o Ministério de Minas e Energia estar em compasso de espera. Não falamos só de cargos. Isso não tem nenhuma pressão, não estamos com a faca no pescoço nem é o famoso toma-lá da cá. Isso é uma rotina. Como rotina também é a emenda - afirmou.

PMDB quer cargos no setor elétrico

O PMDB reivindica as presidências da Eletronorte, Eletrosul e Eletrobras. Para a Eletrobras, o nome mais forte é o de Márcio Zimmermann; para a Eletrobras, o indicado é o deputado Paulo Afonso (PMDB-SC) e na Eletronorte deve ser mantido Carlos Nascimento. Antes dessas definições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem de decidir se Silas voltará ou não para o governo.

- Digo que há uma expectativa considerando a situação pessoal dele. É um homem de bem, não se provou nada contra ele. Mas é decisão pessoal do presidente. O presidente se incomoda de Silas ter sido injustiçado. Ele realmente demonstra essa preocupação. Agora, o presidente quer fazer uma coisa correta, tranqüila, segura, de tal maneira que, quando ele voltar, possa ter o ministro com tranqüilidade - afirmou Mares Guia.