Título: Relator prevê dias mais difíceis para Renan
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 12/10/2007, O País, p. 8

Ele terá que enfrentar os processos como simples mortal¿, afirma Jefferson Peres, que analisa um dos casos.

BRASÍLIA. Não serão menos tensos os dias do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), despido do poder de presidente do Senado, sem o apoio do Planalto e tendo pela frente quatro representações no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar, com possibilidade de perda de mandato. Os processos terão continuidade. A tentativa dos senadores é de concluí-los antes do recesso, previsto para 20 de dezembro. Tido como implacável, autor do relatório que cassou o ex-senador Luis Estevão, o senador Jefferson Peres (PDT-AM) prevê dias mais difíceis para Renan.

Como relator do processo em que Renan é acusado de usar laranjas numa sociedade secreta com o usineiro João Lyra na compra de rádios e um jornal em Alagoas, Peres enviou ontem notificação para que o senador alagoano faça sua defesa prévia . O relator adianta que já está em contato com Lyra, e acha inevitável uma acareação pública entre os dois. Renan deve contestar as denúncias. As dúvidas serão dirimidas com a acareação.

Depoimentos ao Conselho de Ética agora serão públicos

Ao contrário do que aconteceu na primeira representação contra Renan ¿ sobre a denúncia de que usou dinheiro de uma empreiteira para pagar despesas pessoais ¿, os depoimentos no Conselho agora serão públicos, com inquirição aberta a todos os membros do Conselho.

¿ A permanência de Renan na presidência estes meses todos perturbou muito os trabalhos no Conselho. As renúncias de relatores, troca de membros, interpretações da Mesa, manipulação de consultores, pareceres encomendados. Toda essa perturbação cessa. Ele terá que enfrentar os processos como simples mortal ¿ disse Peres.

Há outras três representações. A que trata da denúncia de que Renan teria ajudado a reduzir uma dívida de R$100 milhões da Schincariol junto à Previdência, relatada pelo senador João Pedro (PT-AM), será enviada para investigação na Câmara porque envolve o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão de Renan. A que trata do envolvimento de Renan numa rede de propinas e desvio de recursos de ministérios do PMDB está nas mãos de Almeida Lima (PMDB-SE).

O quarto pedido de investigação surgiu após as denúncias de que o assessor de Renan Francisco Escórcio tentou espionar os senadores Marconi Perilo (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO). Essa representação ainda precisa ser apreciada pela Mesa.