Título: Abertura de emprego com carteira assinada bate recorde histórico
Autor: Doca, Geralda; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 15/11/2007, Economia, p. 26

País criou 1,8 milhão de vagas de janeiro a outubro, segundo ministério.

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO. O mercado de trabalho formal brasileiro registrou em outubro saldo positivo de 205.260 contratações. Com isso, no acumulado do ano, o país já abriu 1,812 milhão de vagas com carteira assinada, superando o desempenho recorde de 2004 (1,523 milhão). Os resultados são os melhores da série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, iniciada em 1992. O desempenho no mês passado, porém, ficou abaixo do de setembro (251.168 postos).

Diante dos números, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, elevou a aposta para 2007, que deve fechar com saldo de 1,6 milhão a 1,65 milhão de vagas. Ele prevê que novembro registrará resultado positivo superior a cem mil contratações, e dezembro - quando tradicionalmente há retração devido a rescisões de contratos temporários - terá a menor queda da série.

- Acho que o meu palpite poderá até ser superado. Há uma série de indicadores que apontam nessa direção - afirmou Lupi, citando previsões do comércio e da indústria, além do esgotamento dos recursos do FGTS para habitação e saneamento.

Emprego formal é puxado por setor de serviços

O Caged mostra que o emprego formal este ano é puxado pelo segmento de serviços. De janeiro a outubro, o setor respondeu por 565.476 contratações, sendo 67.751 no mês passado - o maior saldo para outubro. A indústria de transformação vem em segundo lugar (saldo de 540.052 postos), com destaque para as áreas têxtil e vestuário, metalúrgica, produção de alimentos e calçados. Em seguida, comércio (275.285), construção civil (194.825) e agropecuária (185.849). Com exceção deste último segmento, que eliminou 11.405 empregos em outubro, por causa da entressafra no Centro-Sul do país, houve elevação no nível do emprego em todos os setores da economia.

O Sudeste apresentou o maior saldo, com 103.534 contratações, puxado por São Paulo, com 73.118 postos. O Rio está em quarto lugar com 13.703, após Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O Sul traz o segundo melhor desempenho, com 49.676 vagas, seguido por Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

Segundo o Cadastro, o emprego formal cresce mais nas regiões metropolitanas do que no restante do país. Em outubro, responderam por 101.997 contratações com carteira assinada. A tendência, segundo o ministro, deverá ser mantida, sobretudo por causa dos investimentos na construção civil.

IBGE: emprego na indústria avançou em setembro

Já em setembro, segundo informou ontem o IBGE, o emprego industrial avançou 1%. Esta é a terceira taxa positiva consecutiva e a maior desde maio de 2004 (1,1%). No ano, o indicador acumula alta de 1,7%, e nos últimos 12 meses, 1,4%.

- O mercado de trabalho reflete o dinamismo da produção industrial, em especial de setores de bens de capital e de consumo duráveis - disse Fernando Abritta, do IBGE.

Em relação a setembro de 2006, o emprego variou 2,8%, registrando a 15ª taxa positiva consecutiva. Nessa comparação, 12 dos 18 setores abriram vagas. São Paulo (4,4%), Paraná (4,8%) e Minas (2,7%) exerceram as pressões mais significativas. Por outro lado, Pernambuco (-4,8%) foi a maior influência negativa, puxado por alimentos e bebidas (-5,8%).

E a FGV projetou crescimento de 0,1% da produção industrial em São Paulo em outubro, comparado a setembro, segundo dados do Sinalizador da Produção Industrial (SPI). Em setembro, o resultado foi de 1,6%. Apesar desse "leve arrefecimento", o coordenador do índice, Paulo Picchetti, diz que não existe qualquer indicação de desaceleração. O acumulado nos últimos 12 meses passou de 4,6% para 4,9% em outubro.