Título: Guerra assume PSDB e admite prévias para 2010
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 22/11/2007, O País, p. 9

Vamos melhorar nosso processo de decisão, principalmente na sucessão presidencial", diz o novo presidente.

BRASÍLIA. Cristão-novo no PSDB, o senador pernambucano Sérgio Guerra teve uma ascensão meteórica no partido e chega amanhã à presidência da legenda incensado principalmente por tucanos serristas. Exportador de cavalos manga larga, dono de uma das maiores coleções de arte e pintura de Pernambuco, com amizades que passam pela intelectualidade, artistas, grandes empresários e políticos de todos os matizes ideológicos, Guerra terá que se dedicar a temas mais áridos. Terá pela frente o grande desafio de evitar que a divisão do PSDB, evidenciada nas eleições de 2006, se repita em 2010, quando o partido tem chances de voltar ao poder. Outro desafio que ele se impõe: acabar com a visão, equivocada, segundo ele, de que o PSDB é o partido do muro.

Para ele, uma das suas missões é dar mais responsabilidade e racionalidade nos processos de decisão. Admite que o partido tem dificuldade de decidir, mas rejeita a fama:

- Essa pecha de que o PSDB é o partido do muro é equivocada. O partido tem realmente dificuldades para decidir, mas quando decide vota com firmeza. É isso que vamos consolidar, a responsabilidade e a clareza nas decisões. Vamos melhorar nosso processo de decisão, principalmente no caso da sucessão presidencial. O que deve prevalecer é a idéia de que somos um partido que decide com responsabilidade, vota equilibrado, e não ao sabor dos ventos.

Sobre a sucessão de 2010, Guerra pretende trabalhar pela união dos dois presidenciáveis - José Serra e Aécio Neves -, mas não descarta a possibilidade de realização de prévias para a escolha do candidato.

Tucano é um "camaleão" para amigos e desafetos

A desenvoltura com que Guerra conseguiu transitar pelos vários partidos por onde passou - PMDB e PSB, além do PSDB -, construindo alianças inimagináveis, é a aposta dos tucanos para apaziguar os vários grupos. Por essa sua capacidade, Guerra é chamado de "camaleão" por amigos e desafetos. Conciliador é outra característica dele sempre citada.

Seu pai, Pio Guerra, era deputado pela UDN e logo o menino começou a ter contato com Carlos Lacerda, então governador da Guanabara. Formado em Economia, com especialização em Harvard, mais tarde foi levado por Lacerda para ser diretor da Datamec, empresa de processamento de dados que desenvolveu a loteria no Brasil.

Na eleição de 2006, foi o coordenador da campanha de Geraldo Alckmin e um bom arrecadador de recursos. Aproximou-se do governador de São Paulo, José Serra, na campanha de 2002 e hoje não esconde sua proximidade com o provável candidato do PSDB em 2010.

- Eu conheci o Aécio primeiro, mas fiz mais política com o Serra, fiz sua campanha em Pernambuco. Além do mais, o Serra visitou mais Pernambuco que o Aécio - diz.