Título: Jefferson Peres agora diz que vota pela CPMF
Autor: Noblat, Ricardo
Fonte: O Globo, 29/11/2007, O País, p. 9

Ministro da Fazenda promete ao PDT proteger verbas da educação da incidência da DRU.

BRASÍLIA. O governo cedeu ontem mais um pouco para aprovar a CPMF no Senado. Desta vez, na área da educação. Para garantir os cinco votos do PDT, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, aceitou proteger os recursos da área de educação da incidência da DRU (Desvinculação de Receitas da União) - mecanismo que permite ao governo gastar livremente 20% de sua receita. Depois da promessa de Mantega, o senador Cristovam Buarque (DF) anunciou que votará a favor da CPMF.

Pela proposta, o percentual de 20% da DRU que incide sobre a verba da educação será reduzido em 2008 para 15%; em 2009 para 10%; em 2010 para 5%; chegando a zero em 2011, o que significa que a educação estaria totalmente excluída da DRU. Pela Constituição, o governo tem de aplicar 18% de seus recursos no setor, mas, do total arrecadado, 20% vão para a DRU.

Cristovam disse que considera esse acordo uma conquista, mas avisou que espera não ser enganado:

- Coloquei o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), como avalista deste acordo. Ser enganado uma vez é ingenuidade, duas é estupidez.

O líder do PDT no Senado, Jefferson Peres (AM), informou que, em reunião ontem, a Executiva Nacional do PDT reafirmou o apoio à CPMF, mas vai continuar negociando com o governo um limite de gastos públicos:

- Estamos fazendo uma barganha cívica, e não uma barganha espúria. Já conseguimos a redução da alíquota da CPMF e a redução da DRU sobre a educação. E agora estamos tentando negociar um limitador para os gastos. Se tiver sucesso, vou arcar com a impopularidade, com o risco de voto, mas vou votar a favor da CPMF.

Em 2007, os recursos para a educação chegariam a R$22,8 bilhões. Com o corte da DRU de 20%, esse volume caiu para R$15,1 bilhões. Mas depois o governo injetou outros recursos.

Em represália, DEM e PSDB fizeram ontem reunião com cinco dissidentes da base governista para mostrar que têm, pelo menos, 33 votos - significa que o governo teria 48 e não os 49 necessários.