Título: Em novembro, emendas chegam a R$644 milhões
Autor: Camarotti, Gerson; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 04/12/2007, O País, p. 5

BARGANHAS NO CONGRESSO: Minas terá R$88,7 milhões.

Liberação de recursos para parlamentares bate recorde.

Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. Não está ficando barato para o governo convencer os senadores da base e da oposição a aprovar a prorrogação da CPMF. Em novembro, no auge das negociações, o Palácio do Planalto abriu o cofre e autorizou uma liberação recorde de emendas parlamentares e de bancada: os empenhos atingiram a marca de R$644,8 milhões. O maior beneficiado com o empenho de emendas de bancada foi Minas, estado governado pelo tucano Aécio Neves.

O valor liberado em novembro é quase quatro vezes maior que o registrado em outubro, quando o governo empenhou R$173,3 milhões. Se comparado com novembro de 2006, quando não havia votação importante em pauta, a diferença é ainda mais acentuada. Naquele período, o governo só havia liberado R$113,2 milhões para emendas parlamentares.

Até o início da noite de ontem, o governo não tinha certeza se conseguiria os 49 votos necessários no Senado. O total de R$644,8 milhões de novembro não inclui os valores pagos. Até o dia 23, o valor pago somava outros R$65,7 milhões. Segundo levantamento da liderança do DEM no Senado, a maior parte dos R$644 milhões foram destinados a pagamento de emendas de bancada. Essas atendem estados e beneficiam diretamente os pleitos de senadores e governadores, os dois principais alvos do Planalto para tentar aprovar a CPMF no Senado. O levantamento foi feito com dados do Siafi (Sistema Integrado de Acompanhamento Financeiro).

- Por essas razões é que temos a obrigação de conferir os votos até a última hora para não perder o que a sociedade deseja, que é o fim da CPMF - advertiu o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).

Estados governados por tucanos são beneficiados

A bancada de Minas teve empenho de R$88,7 milhões só em novembro. O Rio Grande do Sul, da tucana Yeda Crusius, ficou com R$18 milhões, e São Paulo, do tucano José Serra, recebeu R$15,6 milhões. A bancada de Alagoas, do tucano Teotonio Vilela, teve R$9,9 milhões.

Na base aliada, o estado mais contemplado em novembro, com R$69 milhões, foi o Pará, governado pela petista Ana Júlia, mas com uma bancada de três senadores oposicionistas. Foi contemplada ainda a bancada do Amapá, do senador José Sarney (PMDB), com R$41 milhões; a da Bahia, do petista Jaques Wagner, com R$29,8 milhões, e a do Acre, do senador Tião Viana (PT), com R$29,5 milhões.

O senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC), que denunciou ter recebido assédio do governo, teve R$160 mil empenhados em novembro, e no ano já liberou R$1,2 milhão. A votação da emenda da CPMF, em plenário, só ocorrerá na próxima quinta-feira se o governo tiver certeza de que a pressão deu certo.

- Vamos fazer todo esforço para votar a CPMF esta semana. Mas a conta ainda não fechou. Isso aqui está feito bolero: são dois para lá, dois para cá - resumiu a líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA).