Título: Garibaldi ainda é alternativa, mas sofre resistência
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 09/12/2007, O País, p. 8

Quintanilha presidiu Conselho e agora quer comando da Casa.

BRASÍLIA. Tido até a semana passada como o candidato com mais chances, o ex-governador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) foi o primeiro a assumir publicamente seu interesse em assumir a presidência do Senado e passou a costurar apoios antes mesmo de Renan Calheiros (PMDB-AL) formalizar a renúncia ao cargo. Hoje ainda é apontado como a alternativa mais viável se José Sarney (PMDB-AP) não ceder aos apelos do governo. A estratégia de tentar sair na frente acabou provocando resistências ao seu nome entre os aliados de Renan, que não o perdoam por ter anunciado o voto a favor da cassação do colega no primeiro julgamento a que ele foi submetido em plenário. Percebendo o erro, Garibaldi tentou reverter a situação na votação do segundo processo de cassação contra Renan, antecipando que votaria pela absolvição.

O gesto de Garibaldi, no entanto, surtiu pouco efeito. Minutos depois de Renan ter formalizado a renúncia para salvar o mandato, dois outros senadores se lançaram na disputa, deixando clara a resistência da bancada à sua candidatura. Na última reunião do partido, obteve o apoio declarado de Geraldo Mesquita (AC) e Jarbas Vasconcelos (PE), mas Simon ainda não tinha entrado na disputa. O PT não aceita Garibaldi, porque não esquece sua atuação como relator da CPI dos Bingos, a CPI do Fim do Mundo.

Renan incentivou lançamento de aliado

Presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO) foi um aliado estratégico do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) durante a tramitação das cinco representações que foram protocoladas contra ele. Por isso mesmo, há quem acredite que Renan tenha sido um dos incentivadores do lançamento de sua candidatura à presidência do Senado. Pesam contra Quintanilha dois inquéritos encaminhados pelo Ministério Público Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF), que correm em segredo de Justiça. O senador é acusado de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha. É suspeito de aproveitar-se de uma empreiteira de seu irmão, Cleomar Quintanilha, para desviar recursos do Orçamento da União.

Suplente do tucano Leonel Pavan, vice-governador de Santa Catarina, sem ter tido um único voto o senador Neuto de Conto (PMDB-SC) quer presidir o Senado. O catarinense também responde a uma ação penal no STF por crime contra o sistema financeiro nacional. Com dupla nacionalidade, brasileira e italiana, ele estuda a legislação da Itália e cogitou disputar uma cadeira no Senado italiano. Além dele, ainda está no páreo, igualmente sem chances, Valter Pereira (PMDB-MS), que assumiu a vaga do falecido Ramez Tebet.