Título: Para governo brasileiro, operação abriria caminho para a libertação de Ingrid
Autor:
Fonte: O Globo, 28/12/2007, O Mundo, p. 28

Marco Aurélio Garcia viaja a Caracas para integrar comitiva internacional.

BRASÍLIA. O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou ontem que a libertação de três reféns pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia pode ser o primeiro passo para a liberdade da ex-candidata à Presidência daquele país Ingrid Betancourt e de outros prisioneiros das Farc. A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio participa de uma missão internacional que acompanhará o resgate. A soltura dos reféns foi intermediada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

- Se a operação for exitosa, tenho a impressão que o próximo passo deve ser a libertação da Ingrid e de outras pessoas que estão presas lá. São muitos reféns que estão presos - afirmou Marco Aurélio.

Comitiva deverá garantir segurança da operação

O assessor embarcou num avião da Força Aérea Brasileira e chegou a Caracas no fim da tarde de ontem. Ele se juntará à missão internacional de resgate dos reféns. A comitiva é composta por representantes de Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Cuba e França - além de Venezuela e Colômbia. Da Venezuela, o grupo viajará de avião até uma base na Colômbia, de lá seguindo de helicóptero para outro campo de pouso, indicado pelas Farc, onde estariam os reféns. A promessa da guerrilha, acertada com Chávez, é libertar a ex-deputada Consuelo González, Clara Rojas, e o filho dela, Emmanuel, de 3 anos.

Segundo Marco Aurélio, a comitiva internacional de observadores servirá de garantia para que o resgate ocorra com segurança e tranqüilidade. A libertação dos reféns foi acertada numa longa negociação entre Chávez, o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, e os chefes das Farc.

Uribe concordou com a entrega dos reféns a uma comitiva internacional dentro da Colômbia desde que o avião da missão fosse identificado com uma bandeira da Cruz Vermelha. O governo brasileiro também participou das negociações. Na posse da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no início do mês, Lula até ofereceu a Uribe ajuda para o resgate dos reféns. Marco Aurélio negou, no entanto, que ele ou qualquer outro representante do governo brasileiro tenha entrado em contato com os chefes das Farc para tratar do assunto.

- O Brasil ajuda com sua presença, como tem ajudado em conversações discretas e reservadas que nós temos tido há muito tempo - disse o assessor.

Marco Aurélio afirmou ainda que a libertação dos reféns pode ser o começo do fim da guerrilha na Colômbia, um processo que se arrasta há mais de 40 anos. O assessor especial de Lula entende ainda que a retomada do diálogo entre Uribe e Chávez é também um ponto de partida para a pacificação completa da América do Sul.