Título: Supertele: serviço pode piorar, mas preço, cair
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 11/01/2008, Economia, p. 22

Especialistas prevêem mudanças no mercado com a futura compra da Brasil Telecom pela Oi, por R$4,8 bi.

O consumidor pode sair prejudicado com a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi (ex-Telemar). Com a maior concentração no setor, a busca pela sinergia pode prejudicar a qualidade nos serviços prestados, dizem especialistas, mas espera-se uma queda de preços. A união entre as operadoras, de acordo com executivos envolvidos nas negociações, deve ser assinada nos próximos dias, já que as duas partes estão interessadas em levar o negócio adiante. O preço já foi acertado em R$4,8 bilhões.

Ontem, a Oi disse apenas que vem mantendo conversas com a BrT, intensificadas nas últimas horas. Segundo fontes, os principais acionistas das empresas discutiam ontem a participação de cada um na nova empresa, que terá, nas estimativas do mercado, faturamento de US$15 bilhões para 2008, valor pouco inferior aos US$17 bilhões previstos para a mexicana Telmex. Os principais acionistas da Oi são fundos de pensão, BNDES, Andrade Gutierrez, GP, La Fonte e Opportunity. A BrT está nas mãos de fundos de pensão, Citigroup e Opportunity.

A nova empresa brasileira terá poucos acionistas no bloco de controle, o que pode dificultar ainda mais as decisões que atendam à população.

- A concentração talvez piore a qualidade para o usuário, já que a tendência é de redução de custo e de pessoal e de terceirização - explica o consultor Virgílio Freire, ex-presidente da Vésper e da Lucent.

Apesar da concorrência no setor, o consumidor pode sair prejudicado em certa medida, diz Jacqueline Lison, da Fator Corretora. Para ela, mesmo a Oi consolidando sua posição de liderança, pode haver acomodação em alguns serviços, como atendimento.

- É importante saber qual será a posição do governo na nova empresa - diz.

União entre duas operadoras pode baixar preços de tarifas

A união cria um grupo nacional capaz de enfrentar os espanhóis da Telefónica, donos de ativos como a Vivo e a Telefônica, e o grupo do mexicano Carlos Slim, que comanda a Claro e a Embratel e tem uma fatia da Net.

- Juntas, Oi e BrT conseguem ter caixa para investir em segmentos em que hoje ainda não têm forte presença, como televisão por assinatura. Há uma necessidade de empacotar diferentes serviços para reter o cliente na base. Oi e BrT terão faturamento próximo ao da Telmex - afirma Valder Nogueira, analista do Santander.

Beatriz Battelli, analista da Brascan Corretora, acredita que alguns serviços poderão ter redução de preço, como as tarifas de longa distância e os planos corporativos:

- A maior parte das tarifas é regulada, mas pode haver mais promoções devido à sinergia e à maior escala.

As duas empresas atingirão uma área que representa 87% dos municípios e 69% do consumo de bens e serviços do país, segundo o Atlas Brasileiro de Telecomunicações 2008.