Título: Febre amarela: novo caso é confirmado em SP
Autor: Farah, Tatiana; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 12/01/2008, O País, p. 5

Moradora do estado contraiu a doença numa viagem ao Mato Grosso do Sul e está internada desde domingo.

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Mais um caso de febre amarela silvestre foi confirmado ontem no país. Está internada no Hospital São Luiz, Zona Sul de São Paulo, uma moradora da cidade, de 42 anos, que contraiu a doença durante uma viagem de ecoturismo ao Mato Grosso do Sul. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a paciente, cujo nome não foi divulgado, está internada desde domingo passado. O primeiro caso confirmado de febre amarela foi o do técnico em informática Graco Carvalho Abubakir, que morreu em Brasília.

De dezembro de 2007 até agora, o Ministério da Saúde já recebeu notificação de 15 casos suspeitos de febre amarela silvestre. Essas ocorrências foram registradas em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal. Três foram descartadas, ou seja, não foi detectada a presença do vírus, mas outras dez estão sendo investigadas e aguardando resultado de exames.

A prefeitura vistoriou o prédio onde mora a paciente e sua família, também na Zona Sul de São Paulo. Foi feita uma varredura de 600 metros para eliminar possíveis criadouros do mosquito transmissor da doença. Segundo a secretaria, não será preciso fazer a vacinação em massa da vizinhança, já que a doença foi contraída em outro lugar.

"Na viagem (ao Mato Grosso do Sul), realizada nos últimos dias de 2007, a paciente visitou um parque ecológico e alimentou macacos", afirma a nota da Secretaria de Saúde.

Segundo a secretaria, a paciente está bem, mas não há previsão de alta. Seu marido e seu filho, que também estavam na viagem de férias, não contraíram o vírus.

O infectologista Marcelo Nascimento Burattini, professor da Faculdade de Medicina da USP e autor de estudo sobre a possibilidade de urbanização da febre amarela com o mosquito da dengue (o Aedes aegypt), afirmou que, mesmo com o caso confirmado de febre amarela em São Paulo, hoje o risco de uma epidemia urbana é "praticamente desprezível":

- A situação não traz risco de epidemia porque, para isso, é necessário haver vários fenômenos. Não temos densidade de pessoas com a doença para infectar a população vetora (os mosquitos). A febre amarela precisa de muito mais vetores do que a dengue. E, quando o homem está infectado, com a gravidade da doença, ele é rapidamente isolado, diminuindo os riscos.

A Prefeitura de São Paulo pede reforço ao ministério

A Prefeitura de São Paulo pediu ontem ao Ministério da Saúde um reforço de 25 mil doses da vacina, temendo a corrida aos postos de vacinação. O reforço representa quase um terço do contingente de toda o lote usado em 2007, quando foram imunizadas 62 mil pessoas. O governo do estado informou que tem um estoque de 130 mil vacinas para serem distribuídas em 3,7 mil postos de atendimento. Só na capital, são 1.300 pontos de vacinação.

No Aeroporto de Congonhas, a procura pela vacinação triplicou no posto da Anvisa. Antes, eram vacinadas 200 pessoas por dia. Agora, são 600 doses diárias. A espera do público ultrapassa duas horas.

Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a análise das vísceras do macaco encontrado morto no Parque da Água Mineral concluiu que a causa não foi a febre amarela.