Título: Cúpula petista monitora DF
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 26/04/2009, Política, p. 8

Caciques do partido não descartam barrar candidatura de Geraldo Magela ou de Agnelo Queiroz ao Buriti, em 2010, se gesto fortalecer a aliança em torno de Dilma Rousseff na disputa à Presidência. Pré-candidatos, deputado Magela (e) e ex-ministro Agnelo sonham em disputar o Buriti, mas não querem ouvir falar de intervenção Embora desperte discussões e embates internos, a candidatura do PT ao Governo do Distrito Federal ainda é considerada incerta. A decisão sobre lançamento ou não de um político petista na disputa eleitoral de 2010 depende das conveniências da composição nacional em torno da formação do arco de alianças para a eleição da provável candidata petista à presidência, Dilma Rousseff. Dessa forma, não está descartada uma intervenção nacional que atrapalhe os planos do ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz e do deputado Geraldo Magela de entrarem no páreo pelo posto de governador.

O comando nacional do PT já deixou claro para os petistas de Brasília: o projeto nacional é a prioridade para o partido, que deseja manter o poder federal conquistado em 2002 por Luiz Inácio Lula da Silva. O segundo objetivo mais importante do PT é a eleição de uma ampla bancada de apoio no Congresso Nacional que dê sustentação no próprio partido para a governabilidade de Dilma, caso ela consiga derrotar o candidato da oposição, Aécio Neves ou José Serra, do PSDB.

A meta do PT é ambiciosa: construir uma bancada com 20 senadores e 120 deputados federais. Hoje são 12 representantes no Senado e 77 na Câmara. Esses planos, portanto, poderão interferir nas alianças do partido, de forma a privilegiar acordos que garantam eleições de congressistas. Nessa estratégia, o PT também dará mais espaço aos governadores que poderão disputar a reeleição. É o caso de Jaques Wagner (Bahia), Ana Júlia Carepa (Pará), Binho Marques (Acre) e Marcelo Déda (Sergipe).

O PT também não abre mão de lançar candidato ao Governo de São Paulo. Só falta decidir um nome. Pode ser o deputado Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, caso ele se livre dos processos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), ou o ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Em outras unidades da federação, o PT vai negociar com os partidos aliados. Se houver necessidade, terá de ceder a cabeça de chapa. Essa medida pode ocorrer, por exemplo, em Goiás, onde já existe um acordo com o prefeito de Goiânia, Íris Rezende (PMDB) ¿ que rachou o PT em 2008 ¿ e no Rio de Janeiro. Um petista, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, sonha disputar o governo, mas tromba com a amizade entre o presidente Lula e o governador Sérgio Cabral (PMDB).

Rebelião Em 2006, o PT de Brasília deixou claro que não aceita facilmente uma imposição nacional. Na ocasião, havia uma clara preferência do Palácio do Planalto pela candidatura de Agnelo, então filiado ao PCdoB. Houve uma tentativa do comando nacional negociar por cima o apoio do PT-DF a Agnelo. Em vão. O PT insistiu na candidatura da petista Arlete Sampaio, lançada no prazo final para início da campanha, e acabou em terceiro lugar na disputa ao GDF. A queda de braço entre PT e PCdoB acabou provocando a falta de unidade dos partidos aliados. O próprio presidente Lula, candidato à reeleição, saiu prejudicado. No primeiro turno, ele perdeu para o tucano Geraldo Alckmin no Distrito Federal. A diferença só foi recuperada no segundo turno.