Título: Jefferson vai indicar Lula como testemunha de defesa em processo
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Fonte: O Globo, 29/01/2008, O País, p. 13

Advogados questionam STF por não ter incluído presidente entre os 40 réus.

SÃO PAULO. Réu no processo do mensalão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) adotou uma estratégia de defesa que tem como alvo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Jefferson vai arrolar o presidente como testemunha de defesa. O objetivo é saber até que ponto o presidente sabia do esquema. Além disso, os advogados provocaram o Supremo Tribunal Federal (STF) a explicar por que o presidente não foi incluído entre os 40 réus do processo, afirmando que ele foi beneficiário do esquema. O STF ainda não respondeu.

- Toda aquela história de "eu não sabia" vai ser esclarecida. O presidente é uma testemunha importante e qualificada - disse Luiz Francisco Corrêa Barbosa, advogado de Jefferson.

A ofensiva de Jefferson contra o presidente começou no dia 14 de setembro, duas semanas após o STF ter aceito a denúncia contra os 40 réus do processo. Os advogados de Jefferson pediram à Casa Civil cópias dos registros sobre as providências adotadas por Lula depois de, segundo o ex-deputado, ter sido alertado sobre o esquema.

Ofensiva contra Lula continuou em novembro

A resposta veio em 22 de novembro, por meio do secretário de administração do ministério, Norberto Temóteo de Queirós, e certifica que não foi localizado "registro ou protocolo da denúncia ou outro documento".

- Na reunião o presidente disse que tomaria providências, mas não há registro - disse o advogado.

Em 13 de novembro, os advogados protocolaram um termo de embargo de declaração provocando o STF a explicar por que Lula não foi incluído entre os réus do processo.

- Há uma contradição do STF, já que a tese do mensalão foi aceita - afirma Barbosa.

O Palácio do Planalto não informou se Lula, que pode escolher local e data para ser ouvido, prestará depoimento. Segundo o Planalto, a Casa Civil enviou aos advogados de Jefferson cópia de ofício enviado pelo então ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, ao Ministério Público Federal em junho de 2005, depois que o caso veio à tona. No documento, uma resposta aos questionamentos do MPF sobre o escândalo, Aldo confirma ter participado de reunião com Lula e Jefferson na qual o petebista revelou o mensalão. Na reunião, Lula teria pedido verbalmente que Aldo e o então líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), atual presidente da Casa, monitorassem os acontecimentos.