Título: Dilma pede à CGU que investigue uso de cartão
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 30/01/2008, O País, p. 5

Além de Matilde Ribeiro, Altemir Gregolin será alvo de investigação. TCU deve estender apuração a todos os ministros.

BRASÍLIA. Além da recomendação da Comissão de Ética, a Controladoria Geral da União (CGU) recebeu determinação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para investigar o uso do cartão corporativo pela ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial. Mas ela não será a única. Altemir Gregolin, da Secretaria Especial da Aqüicultura e Pesca, também será alvo das investigações da CGU, por determinação da Casa Civil.

Os indícios de abusos nessas duas pastas serão alvo ainda do Tribunal de Contas da União (TCU), que deve estender as investigações a toda a Esplanada. Um rastreamento nas declarações de Imposto de Renda de todos os usuários de cartões corporativos será agilizado pelo TCU. O ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, explicou que precisava da autorização da Casa Civil porque as duas secretarias são ligadas à Presidência, que tem controle interno próprio:

- Eu estava impedido de fazer a investigação sem uma autorização da Presidência. Procurei a ministra Dilma para falar da recomendação da Comissão de Ética e da solicitação dos próprios ministros, e aí ela pediu que a CGU investigasse.

A ministra Matilde usou o cartão para fazer compras em um free shop no valor de R$461,16. E também para pagar contas em resorts e bares no Rio, totalizando gastos de mais de R$171 mil em 2007 - além de R$15 mil de despesas de dezembro contabilizadas agora em janeiro.

- É muito mais do que um ministro ganha por ano. Além da CGU, o Ministério Público do Distrito Federal vai entrar com uma representação contra a ministra. E a Secretaria Geral de Controle Externo já nos mandou as declarações de renda de todos os detentores de cartão corporativo para que façamos cruzamentos - disse o ministro Raimundo Carreiro, relator das contas da Presidência.

"Ele não quer ficar em hotel pé-de-chinelo"

Matilde e Gregolin só se pronunciaram por meio de suas assessorias. "Entendemos que é correto o envio da questão para outro órgão competente, para que quaisquer dúvidas sejam dirimidas", diz a nota da ministra Matilde Ribeiro. A assessoria do ministro da Pesca alegou que há preconceito contra a pasta e informou que documentos e explicações foram enviados à CGU.

- Tem uma nota de R$500 porque tinha que pagar um almoço para uma delegação chinesa. Ele se hospeda no Blue Tree e em hotéis em que a diária não passa de R$300. Não quer ficar em hotel pé-de-chinelo, mas também não se hospeda em um 20 estrelas. O ministro está tranqüilo e vai explicar tudo - disse a assessoria de Gregolin, informando que ele gastou R$21.600 em 2007. No fim do dia as assessorias da CGU e da Casa Civil deram declarações para negar que Dilma tivesse tomado a iniciativa de pedir a investigação. A CGU disse que coube a Jorge Hage procurar Dilma para que autorizasse a investigação, após a recomendação da Comissão de Ética e pedidos dos dois ministros para serem investigados. A assessoria de Dilma negou que ela tivesse determinado a investigação e disse que ela apenas atendeu ao pedido de Matilde e Gregolin. A assessoria de Gregolin negou que Dilma tivesse pedido a investigação e afirmou que ele tomou a iniciativa de enviar dados à CGU.