Título: Zapatero perde votação é não é eleito
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Fonte: O Globo, 10/04/2008, O Mundo, p. 35

Presidente do governo espanhol deve conquistar apoio do Congresso em segundo turno

MADRI. O presidente do governo espanhol, José Luis Zapatero, não conseguiu ontem o apoio da maioria do Congresso e terá que disputar um segundo turno para iniciar seu segundo mandato. Com apoio só de sua legenda, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), pela primeira vez na história democrática do país o presidente eleito nas urnas não foi aprovado pelos parlamentares na primeira votação. Zapatero deve ser eleito amanhã, quando só será preciso ser o candidato mais votado.

Zapatero conseguiu 168 votos, quando seriam necessários 176 do Congresso de 350 deputados. Apenas os representantes do PSOE votaram nele ¿ o partido elegeu 169 deputados, mas uma parlamentar faltou ontem. Houve 158 votos contrários: 154 do conservador Partido Popular (PP), três dos independentistas socialistas catalães da ERC e um da única deputada do novo partido de centro-esquerda UPyD.

Os demais se abstiveram. Isso incluiu os dois partidos regionalistas moderados CiU, da Catalunha, e o basco PNV. As duas legendas, no mandato anterior de Zapatero ¿ que é oficialmente apenas presidente em exercício ¿, apoiaram a eleição.

O presidente Zapatero se limitou a dizer que a votação transcorreu ¿como era esperado¿:

¿ Estou animado para enfrentar a segunda votação.

Já o porta-voz do PSOE no Congresso, José Antonio Alonso, afirmou que o partido governará durante os próximos quatro anos ¿sem condicionantes¿.

¿ Haverá um diálogo específico de busca de acordos nos assuntos que afetem as vidas dos cidadãos e as questões de Estado ¿ disse Alonso.

PSOE quer governar apenas com negociações pontuais

Durante a maior parte do primeiro mandato de Zapatero negociações pontuais foram a regra, devido a problemas em sua aliança com CiU e PNV. Terça-feira, o candidato fez um discurso pedindo apoio de todos nas questões de Estado (como a luta contra o ETA) e econômicas.

No sistema político espanhol, apesar de essencialmente parlamentarista, os partidos tem de apresentar candidatos a presidente à população, sendo obrigados a indicar esta pessoa ao Parlamento para aprovação. Na única vez em que um presidente não foi confirmado pelo Congresso em primeira votação, o candidato não fora eleito pelo povo: Leopoldo Calvo Sotelo foi aprovado, em segundo votação, depois de substituir o presidente eleito Adolfo Suárez, que renunciara, em 1981.