Título: Açoes de sócias da petrobras sobem no exterior
Autor: Rangel, Juliana ; Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 16/04/2008, Economia, p. 31

Papéis da britânica BG e da espanhola Repsol têm alta de até 9,3%. Estatal brasileira acumula ganho de 6,86% na Bovespa

Juliana Rangel e Felipe Frisch

RIO e MADRI. Ainda no rastro das declarações do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, sobre a possível existência de grandes reservas de óleo e gás na área de Carioca, na Bacia de Santos, as ações preferenciais (PN) da Petrobras subiram ontem 1,16% ¿ e já acumulam ganhos de 6,86% em dois dias no Brasil. A notícia também impulsionou os papéis de suas principais sócias no projeto: a britânica BG, com 30%, e a espanhola Repsol YPF, com 25%. Na Bolsa de Londres, as ações da BG subiram 5,4%, para 1.288 libras, a maior cotação desde que a empresa lançou ações em bolsa, em 1988, segundo a Bloomberg News. Os papéis da Repsol ganharam 9,3% na Bolsa de Madri, para 25,69, a maior alta desde junho de 2002.

Em Nova York, ADRs da Petrobras têm alta de 0,75%

Para o gestor da Argúcia, Felipe Cruz, a alta das ações no exterior já era esperada, já que as notícias sobre as declarações de Lima começaram a ser veiculadas na internet perto do fechamento das bolsas européias na segunda-feira.

Segundo ele, Lima confirmou algo que os analistas de mercado já esperavam: a perspectiva de novas descobertas perto da região do campo de Tupi, anunciado no ano passado.

Em volume, as negociações com ações da Repsol alcançaram 42,351 milhões de euros ¿ quantia 6,4 vezes maior que a registrada no dia anterior. No caso da BG, a relação foi maior que quatro vezes.

Em Nova York, cujo mercado ainda estava aberto quando as informações de Haroldo Lima começaram a circular, os ADRs (American Depositary Receipts, ações de empresas estrangeiras negociadas nos EUA) da Petrobras subiram 0,75%. No dia anterior, haviam fechado em alta de 8,26%. Já os ADRs da Repsol caíram 5,76%, para US$40,94. Mas no dia anterior fecharam em alta de 17,34%, a US$43,44.

Segundo Lima, a área teria em torno de 33 bilhões de barris de petróleo, a maior descoberta do mundo nos últimos 30 anos. Em comunicado, a Petrobras não confirmou as informações.

Procurada pelo GLOBO, a Repsol YPF na Espanha não quis se pronunciar, afirmando que a responsável pela exploração do bloco é a Petrobras. A empresa reproduziu e enviou ao órgão regulador do mercado espanhol, a Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV), o comunicado da estatal brasileira.

As ações da estatal representam 16% do principal indicador da Bolsa, o Índice Bovespa (Ibovespa), que fechou com alta de 0,75%, aos 62.618 pontos. O dólar comercial caiu 0,18%, para R$1,684. O saldo de investimentos estrangeiros na Bovespa está positivo em R$1,274 bilhão até o dia 10 de abril. No ano, o saldo ainda está negativo em R$3,745 bilhões.

A recuperação do Ibovespa, no entanto, foi puxada pelas ações da Vale, com peso de 15,16% no indicador. As ações preferenciais da série A (PNA, sem direito a voto) da mineradora subiram 2,62% e as ordinárias (ON, com voto), 2,44%. Ambas figuraram entre as maiores altas do Ibovespa.

Segundo André Segadilha, chefe de análise da Prosper Corretora, o dia foi de recuperações, especialmente nos setores de commodities (matérias-primas), como o minério de ferro. O índice Dow Jones subiu 0,50% e o eletrônico Nasdaq, 0,45%.

A Bovespa divulgou ontem o balanço do seu ouvidor, Joubert Rovai, em 2007. No ano, ele recebeu 2.729 consultas, 75,61% a mais do que em 2006. Foram registradas 829 reclamações (81% a mais), sendo 264 relativas a erros de execução de ordens (de compra e venda).

Petróleo bate novo recorde, perto de US$114 o barril

Os preços do petróleo alcançaram ontem novo recorde, puxado por temores de desabastecimento e debilidade do dólar. Em Nova York, a cotação do barril subiu 1,6%, para US$113,51, depois de ter alcançado US$113,93. Em Londres, o barril do Brent também avançou 1,6%, para US$111,58 o barril, depois de ter batido em US$111,85. Desde o começo do ano, o preço do petróleo já subiu 18% e mais de 80% desde abril de 2007.

COLABOROU: Priscila Guilayn, correspondente