Título: Paulinho volta a se dizer inocente e vítima de perseguição política
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 09/05/2008, O País, p. 4

Uma pessoa diz a outra que fulano recebeu dinheiro. E você vira criminoso"

Ricardo Galhardo

SÃO PAULO. Em entrevista à rádio CBN, ontem de manhã, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) disse que a imprensa inflou as denúncias feitas pela Polícia Federal sobre sua suposta participação em um esquema de cobrança de propinas em troca da intermediação de empréstimos junto ao BNDES. Segundo o deputado, a PF faz apenas uma suposição de que o Paulinho citado nas gravações seria ele.

- O que apareceu no relatório da polícia é apenas a citação a um Paulinho numa gravação de uma pessoa para outra e uma outra citação de um "PA" e presumidamente, na frente, Paulo Pereira da Silva. O que tem por trás é que inflaram esta história na imprensa dizendo que estou envolvido. Não tem citação do meu nome - disse Paulinho na entrevista ao repórter Milton Jung.

O deputado fez uma comparação:

- O que aconteceu é mais ou menos o seguinte: uma pessoa fala para outra que o Milton recebeu dinheiro. E você vira criminoso - disse.

Paulinho apontou sua atuação na Câmara, segundo ele em defesa dos trabalhadores, como motivo de contrariedade da elite.

- O que fizemos para o trabalhador deve contrariar muita gente. Isso pode ter criado uma ciumeira de parte da elite brasileira. Estou sofrendo perseguição pelo meu trabalho na Câmara e pelo trabalho que faço na defesa dos trabalhadores.

O presidente da Força Sindical também negou irregularidades no depósito de R$37,5 mil feito pelo lobista João Pedro de Moura, seu ex-assessor e um dos acusados de integrar a quadrilha, para a ONG Projeto Meu Guri, presidido pela mulher do deputado, Elza Pereira.

- Esta ONG é um dos projetos mais importantes que nós temos. Está à disposição da Justiça, se a Justiça quiser investigar. Não temos medo de nada. Nossa vida é limpa e transparente - afirmou.

Segundo Paulinho, o sigilo bancário da ONG dirigida por sua mulher também será disponibilizado à Justiça, a exemplo do que ele fez anteontem com seu próprio.

- Fui à tribuna da Câmara, quebrei meu sigilo bancário. Quem será no Brasil que faz o que eu fiz? - desafiou.

Milton Jung lembrou que diversos parlamentares alvos de escândalos fizeram a mesma coisa nos últimos anos.

Segundo a procuradora da República Adriana Scordamaglia, o contexto em que o nome "Paulinho" é citado (várias vezes) nas interceptações feitas pela PF comprovaria que se trata mesmo do deputado.

Embora seja citado no inquérito, Paulinho não é formalmente investigado. A procuradora remeteu cópias do inquérito ao Supremo Tribunal Federal, que vai decidir se instaura investigação. Paulinho tem direito a foro especial.