Título: PF restaura teatro fechado há 40 anos
Autor: Mendes, Taís
Fonte: O Globo, 25/05/2008, Rio, p. 18

Tombado pelo patrimônio histórico, espaço será inaugurado em junho.

Até junho, o Rio deve ganhar mais um teatro, com capacidade para cerca de 400 espectadores, com palco reclinado e acústica primorosa. O endereço da nova casa é inusitado: o terceiro andar do prédio da sede da Polícia Federal, na Praça Mauá. Inaugurado em dezembro de 1940 pelo presidente Getúlio Vargas, o teatro ¿ tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) ¿ estava abandonado há 40 anos e foi totalmente restaurado. Operários recuperaram pisos e poltronas durante os quase dois anos de obras, que custaram cerca de R$400 mil ao Departamento da Polícia Federal.

A restauração do teatro foi a contrapartida oferecida ao Inepac pela Polícia Federal para conseguir mexer em todo o conjunto arquitetônico que abriga a sede da instituição no Rio. Quando decidiu modernizar suas instalações, a direção-geral da PF esbarrou no tombamento do prédio ¿ antiga sede da Imprensa Nacional ¿ aprovado em novembro de 1998.

No mesmo ano, o Inepac tombou mais cinco construções: o prédio do Tribunal Regional do Trabalho, o Palácio Duque de Caxias (sede do Comando Militar do Leste), o Edifício Almirante Tamandaré (sede do Primeiro Distrito Naval), a Companhia Nacional de Abastecimento, na Praça Quinze, e a sede da Alfândega, na Avenida Rodrigues Alves.

Espaço será aberto à população do Rio

A reforma do teatro foi executada seguindo as diretrizes do Inepac para manter as características do local. A PF agora estuda parcerias para abrir o teatro. Uma das idéias é ter no espaço a apresentação de orquestras. Outra é a utilização do novo local para promover a integração entre os diversos setores da sociedade. Também são estudadas parcerias para o desenvolvimento de programas de prevenção e o combate às drogas.

As obras na sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, não se limitam à restauração do teatro. Depois de apresentar um projeto prevendo a construção de um espigão de 21 andares e a derrubada de uma parte significativa do prédio histórico, a PF teve que se adequar as exigências do Inepac. Acabou decidindo erguer, na área total de 29.960 metros quadrados da atual sede, dois prédios de seis andares com uma praça e um jardim. A obra total vai custar cerca de R$9 milhões.

O dinheiro foi liberado pelo governo federal para implantar no Rio a primeira supercentral brasileira de combate ao crime organizado. Idealizada nos moldes do Federal Bureau of Investigation (FBI) americano, a central será formada por representantes da PF, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Na prática, é a formalização da força-tarefa de combate ao crime.

Supercentral vai reprimir o tráfico e a corrupção

A supercentral será batizada de Centro Integrado e Compartilhado de Combate ao Crime Organizado e vai funcionar no terceiro andar do antigo prédio. A supercentral terá ainda as participações de agentes das polícias Civil e Militar do Rio e da Polícia Rodoviária Federal. A principal meta do Cicor é reprimir o tráfico, o contrabando de armas e munição e a corrupção.

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