Título: Reação é limitada
Autor: Vitória, Maria
Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2009, Mundo, p. 28

Monitorar aeroportos, como está fazendo o Brasil, é uma das medidas possíveis para detectar alguns casos de viajantes atingidos pela epidemia da gripe A(H1N1). Mas isso não vai impedir a propagação do vírus no país. No máximo, vai atrasar seu alastramento. Foi o que disse Sylvie Briand, diretora do programa de gripe da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por dois motivos: o vírus já entrou no país e, além dos aeroportos, ele pode continuar sendo propagado por pessoas que cruzam as fronteiras terrestres. O Brasil tem mais de 16 mil quilômetros de fronteiras com nove países.

¿Monitoramento (nos aeroportos) não pode detectar todos os viajantes com o vírus, nem colocar todos em isolamento ou detectar o contato feito por essas pessoas¿, disse Briand. Ela não desqualificou esse tipo de estratégia. Para a diretora, monitorar viajantes é uma opção ¿bem eficaz¿ para desacelerar a transmissão do vírus logo no início de uma epidemia. Foi o que fez a Europa, para tentar controlar os primeiros casos importados. ¿Mas a dificuldade está em manter esse esforço por muito tempo. Você pode identificar alguns viajantes com vírus, mas tem sempre o risco de deixar passar outros¿, afirmou. ¿Controlar o alastramento do vírus é muito difícil, pois as pessoas, no início da doença, podem não mostrar os sintomas, ter febre muito baixa e ainda assim estarem infectadas e terem a capacidade de infectar outros.¿

Mas a médica vê uma vantagem nesse tipo de controle, num estágio inicial: ao atrasar o alastramento da doença, as autoridades de saúde do país ¿ganham tempo¿ para se concentrar no tratamento dos casos mais graves. A OMS destaca que o monitoramento de viajantes tem de ser feito com obediência a algumas regras mínimas, como a ¿dignidade¿ das pessoas.