Título: Serra roda o país de olho em 2010
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 08/06/2008, O País, p. 8

Em busca de apoio para candidatura, governador visita vários estados

BRASÍLIA. Na liderança das pesquisas de opinião sobre a sucessão presidencial, o governador de São Paulo, o tucano José Serra, foi aconselhado por aliados a adotar uma agenda mais nacional e ampliar suas conversas com líderes regionais de outros partidos para consolidar essa vantagem em relação a possíveis adversários em 2010. Mesmo sem assumir, pelo menos por enquanto, a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência, Serra já começou a se mexer. Nos últimos três meses, visitou nada menos do que sete estados - alguns, como Pernambuco, por exemplo, ele esteve duas vezes - e o Distrito Federal. As justificativas formal para toda essa movimentação são as mais diversas possíveis, mas o pano de fundo é mesmo 2010.

Sempre que possível, Serra tenta dar um caráter oficial a suas visitas a outros estados. Novas visitas e novos encontros políticos estão sendo agendados. No dia 6 de março, ele foi a Cuiabá para assinar um termo de cooperação fazendária com o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, do PR, partido da base do governo Lula.

Tucano é assediado por candidatos à prefeitura

No dia 13 de março, o governador paulista estava em Fortaleza com o governador do Ceará, Cid Gomes, do PSB, para assinar um protocolo para substituição tributária de onze segmentos de comércio entre os dois estados. E no dia 30 de abril esteve em Porto Alegre com a governadora tucana Yêda Crusius, para assinaturas de convênios de cooperação na área de saneamento.

Em todos eventos é intensa a movimentação dos políticos locais. Serra também tem se beneficiado do assédio dos candidatos tucanos que disputarão a eleição municipal deste ano. Muitos deles querem pegar uma carona na popularidade do governador, que, segundo pesquisas, lidera a disputa presidencial em todos os estados brasileiros, com exceção de Ceará e Minas Gerais, onde o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e o governador mineiro Aécio Neves, do PSDB, são, respectivamente, favoritos.

Foi o que aconteceu no último dia 13 de abril, quando Serra foi convidado para participar de um seminário sobre Gestão Pública Eficiente promovido pelo PSDB, na Bahia. A palestra de Serra foi ouvida pelos cerca 120 candidatos a prefeito que o partido deverá lançar no estado, entre eles, o ex-prefeito Antonio Imbassahy que tentará voltar ao comando da prefeitura de Salvador. A visita de Serra a Salvador gerou queixas do candidato do Democratas à prefeitura da capital baiana, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto.

Governador participa de inauguração no Piauí

No início de maio, foi o prefeito de Teresina, o tucano Sílvio Mendes, candidato à reeleição, que requisitou a presença de Serra para participar da inauguração do Hospital Zenon Rocha, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A convite do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, Serra assistiu durante a Semana Santa a encenação da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém. A segunda passagem pelo estado foi ciceroneada pelo presidente nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE).

Disposto a ajudar o governador de São Paulo a estreitar contatos com parlamentares fora do PSDB, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) - que foi cotado para ser vice na chapa de Serra quando ele disputou a Presidência da República em 2002 - organizou um jantar em seu apartamento com um grupo de parlamentares. Entre eles estavam outros dois dissidentes do PMDB, os senadores Mão Santa (PI) e Geraldo Mesquita (AC).

- Já estamos programando um encontro com um novo grupo - confirmou Jarbas.

Diante da divisão do PSDB paulista por conta da disputa entre o prefeito Gilberto Kassab, do DEM, e o ex-governador tucano Geraldo Alckmin, Serra também pretende atuar para reduzir possíveis seqüelas desse racha. Sua preocupação é que a divisão de agora contamine seus planos para 2010.