Título: Em Díli, Lula lança o PACzinho do Timor
Autor: Scofield Jr, Gilberto
Fonte: O Globo, 12/07/2008, O País, p. 8

Brasil ajudará o país mais pobre da Ásia com projetos de irrigação, construção de barragens e estradas

Gilberto Scofield Jr.

DÍLI. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Timor Leste, José Ramos-Horta, criaram um Grupo Executivo de Cooperação que será responsável por identificar áreas prioritárias para o desenvolvimento do país e terá a ajuda de instituições e empresas brasileiras. O projeto, apelidado pelo presidente Lula de "uma espécie de PACzinho do Timor", deverá incluir projetos nas áreas de energia, infra-estrutura, agricultura, educação, saúde e formação de mão-de-obra, com destaque para um programa de preparação de empreendedores para o país mais pobre da Ásia.

Segundo o presidente, estatais como Petrobras e Eletrobrás e até companhias privadas, como a Vale do Rio Doce, serão convocadas a ajudar os timorenses na reconstrução do país que, agora, passado o trauma da tentativa de assassinato de Ramos-Horta e do primeiro-ministro, Xanana Gusmão - ontem fez cinco meses do atentado - dá início para valer a seu projeto de crescimento.

- O Brasil tem como contribuir com o Timor Leste em projetos de irrigação, construção de barragens e estradas, pesquisa sobre reservas de petróleo e até em esporte. Pedi a Xanana Gusmão uma lista do que ele considera prioritário para seu país para que possamos ajudar - disse.

O Brasil tem 250 pessoas trabalhando na reconstrução do Timor em áreas como educação (preparação de professores do ensino básico ao superior), Justiça (formação de juízes, promotores e defensores públicos, elaboração do Código de Justiça Militar), defesa (treinamento das Forças Armadas), eleições (montagem e coordenação do processo eleitoral), entre outros programas, como o Centro de Treinamento Profissional do Senai em Becora, onde os brasileiros ensinam profissões variadas aos timoreneses.

Foi neste centro, ontem, que Lula - o primeiro presidente do Brasil a visitar o país após sua independência, em 2002 - conversou com parte da comunidade brasileira que mora na capital e anunciou a ampliação da ajuda brasileira ao Timor Leste.

- Podemos ajudar com muito mais e vamos começar ampliando a embaixada e trazendo mais brasileiros para trabalhar aqui - disse ele, acompanhado do ministro das relações Exteriores, Celso Amorim, da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge.

O presidente Ramos-Horta agradeceu o apoio e disse que as empresas brasileiras eram bem-vindas:

- Precisamos da tecnologia e do conhecimento do Brasil porque temos dinheiro do fundo de exploração de petróleo que pode ser usado como garantia para empréstimos em investimentos no país.

RAMOS-HORTA CONSIDERA MILAGRE TER SAÍDO VIVO DE ATENTADO, na página 34

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