Título: Congresso aprova créditos de R$ 2,7 bi
Autor: Paul, Gustavo; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 17/07/2008, O País, p. 10

Em seis meses, foram votados R$12,5 bi em despesas não incluídas no Orçamento.

BRASÍLIA. Ao longo do primeiro semestre deste ano o governo pediu ao Congresso a aprovação de mais R$13,1 bilhões em gastos públicos, a grande maioria para despesas com pessoal não previstas no Orçamento deste ano, mas também para investimentos, como obras de saneamento em vários estados. Do total de novos gastos, previstos em pedidos de créditos suplementares, já foram aprovados R$12,5 bilhões, dos quais R$2,782 bilhões ontem. Trata-se de dinheiro novo em função do excesso da arrecadação, que vai financiar novos gastos. A oposição reagiu, acusando o governo de usar esse dinheiro para alimentar seus aliados durante a campanha eleitoral.

O vice-líder do DEM, deputado José Carlos Aleluia (BA), disse que o governo não está preocupado com aumento da inflação e perdeu o controle sobre os gastos. Para Aleluia, o governo libera recursos em período pré-eleitoral, quando deveria utilizar o excesso de arrecadação para controlar a inflação:

- Usar excesso de arrecadação na eleição leva à inflação. O Banco Central está lutando sozinho contra a inflação, e vai fazer a única coisa que sabe, que é aumentar os juros.

Como a maior parte dos novos gastos se refere a despesas permanentes, o governo não tem como cortá-los. Para a oposição, trata-se de um paradoxo, diante da necessidade de aumentar o superávit primário (economia para pagar a dívida) em mais R$14,2 bilhões para combater a inflação, já anunciado pelo governo. Para o vice-líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), o aumento de despesas não tem como ser contornado. Ele citou acordos fechados com categorias de servidores:

- Houve um subdimensionamento das despesas de pessoal. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é intocável e por isso não há como não deixar de gastar, pois gastos com funcionários são permanentes.

Além dos gastos com pessoal, o governo distribuiu as novas despesas em 15 projetos. Foram pedidos, por exemplo, R$85 milhões para financiar a campanha do Rio de Janeiro às Olimpíadas de 2016. A oposição criticou um crédito suplementar de R$65 milhões aos Ministérios do Meio Ambiente e Integração Nacional, para obras que levarão água ao sertão nordestino.