Título: Protógenes irá à Justiça para não depor em CPI
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 06/08/2008, Economia, p. 28

Presidente da comissão nega pedido de adiamento a delegado que comandou operação no caso Daniel Dantas

Leila Suwwan

BRASÍLIA. A CPI dos Grampos recusou o pedido do delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz, que era responsável pela Operação Satiagraha, de adiar seu depoimento, marcado para hoje. O presidente da comissão, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), considerou que a participação em curso de formação não é motivo para ausência e ameaçou aplicar as "medidas cabíveis" - como uso da força - e o "poder da CPI". O advogado de Protógenes, Renato Andrade, disse que pediria hoje um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF).

O delegado foi convocado a depor sobre o suposto uso de grampos ilegais pela organização criminosa que ele investigou. O inquérito culminou na prisão de Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, entre outros. Alguns setores políticos temem que Protógenes use a CPI para falar de seu "afastamento" da investigação, o que incomodou o Planalto há semanas.

O delegado está matriculado na Academia Nacional de Polícia e afirma que a presença é obrigatória: uma falta pode acarretar o indeferimento da conclusão e prejudicar sua carreira. Ele pediu, em ofício à CPI, que seu depoimento seja depois de 22 de agosto.

- Eu decido pela manutenção da data do depoimento para amanhã. Não entendo como justificativa o motivo apresentado. Se fosse chamado para ir à Justiça, não seria motivo deixar de ir porque está matriculado em um curso. Não me parece motivo justo. Vou manter a audiência. E ele aqui deve estar presente - disse Itagiba, que é oriundo da PF e disse que iria oficiar o órgão sobre a decisão.

- Se não conseguir o mandado no STF e se a PF não garantir em documento oficial que a ausência no curso não causará qualquer prejuízo ao delegado, então vão ter de buscar meu cliente com camburão e algemas - afirmou Renato Andrade, advogado do delegado.

Além de Protógenes, está convocado a depor o delegado Élzio Vicente da Silva, responsável pela Operação Chacal. Ele informou que comparecerá na quinta-feira, mas adiantou que permanecerá calado para respeitar o segredo de Justiça das ações resultantes da investigação, que estão na Justiça Federal de São Paulo. Na próxima semana, está marcado depoimento do juiz Fausto de Sanctis.