Título: Família de Armínio Fraga é vítima de extorsão
Autor: Dutra, Marcelo
Fonte: O Globo, 07/08/2008, Rio, p. 21
Sogra do ex-presidente do BC teria entregado R$500 e relógio a bandido que deu golpe do falso seqüestro
Marcelo Dutra
O empresário Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, esteve ontem à tarde na 14ª DP (Leblon) para registrar uma tentativa de extorsão contra parentes. Ele não quis dar detalhes do golpe, alegando que queria preservar a família. Contudo, o empresário, que comandou a economia do país entre os anos de 1999 e 2003, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, disse que os criminosos teriam agido por telefone. Informou ainda que seus parentes nada sofreram:
¿ Não houve conseqüência pessoal, mas eu gostaria de preservar meus familiares. Fui uma pessoa pública e sei que isso chama a atenção de vocês, mas eles não precisam passar por isso. Se eu der detalhes do que ocorreu, as pessoas que cometeram esse crime vão saber com quem falaram e podem retornar. Eu não quero isso.
Na área do Leblon, seis a sete casos por dia
O delegado titular da 14ª DP, José Alberto Pires Lage, não quis confirmar a informação de que a sogra de Armínio Fraga teria recebido um telefonema dos bandidos, que diziam estar com a filha dela. Desesperada, a sogra do ex-presidente do Banco Central teria pegado um táxi para encontrar o criminoso na Avenida Brasil e entregar R$500 e um relógio. Só depois teria ligado para a filha, descobrindo que ela não estava em poder de bandidos.
O delegado disse que esse tipo de crime se tornou comum e que a polícia, na maior parte dos casos, tem os pés e as mãos atados pelas empresas de telefonia celular.
¿ Recebemos diariamente entre seis e sete denúncias de crimes como esse na área da 14ª DP. Ocorre que as empresas de telefonia dificultam demais o nosso trabalho. Às vezes, só queremos saber a área em que um determinado telefone foi usado, ou apenas o nome da pessoa dona daquela linha, mas as empresas nunca colaboram conosco. Toda a investigação é prejudicada por essa conduta. Perdemos tempo precioso e não temos sucesso ¿ reclamou Lage.
Apesar de essa modalidade de crime ser corriqueira no Leblon, como afirma o policial, há pessoas que reagem com desespero ao golpe. Prova disso foi um mal-entendido ocorrido num prédio da Rua Timóteo da Costa na noite de segunda-feira. Um morador do nono andar caiu no golpe do seqüestro anunciado pelo telefone. Os parentes se desesperaram e gritaram por socorro. Os vizinhos ouviram os gritos e, achando que o prédio estava sendo assaltado, pediram ajuda da PM. Até agentes da Força Nacional de Segurança foram acionados ¿ já que uma secretária de estado mora no mesmo edifício ¿ antes que a suposta vítima retornasse para casa sã e salva.