Título: Dúvidas dentro do PMDB
Autor: Pariz, Tiago; Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 26/05/2009, Política, p. 03

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer o controle absoluto sobre a CPI da Petrobras, mas ainda não tem nenhuma garantia de que isso ocorrerá. O líder da bancada do PMDB, Renan Calheiros (AL), alçado à condição de fiador de uma CPI chapa-branca, saiu do encontro com Lula, ontem, sem anunciar os nomes do partido que farão parte da comissão, nem se pretende quebrar a tradição e impedir a oposição de indicar o presidente da CPI. O Palácio do Planalto deseja que o relator da comissão seja o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), mas Renan está relutante em aceitar a indicação porque foi atropelado pelo líder do PT, Alozio Mercadante (SP), que tornou pública a preferência do presidente Lula por seu líder no Senado.

Lula disse a Renan que o governo enfrentará o debate com a oposição sobre a atuação da Petrobras e que há forças interessadas em impedir as mudanças no marco regulatório do petróleo, pois o seu governo pretende restringir a exploração do pré-sal, que caberia exclusivamente à Petrobras. O Palácio do Planalto tem maioria para impedir a pirotecnia da oposição durante os trabalhos da CPI, mas isso depende bastante da composição da Comissão. Renan saiu do encontro com Lula direto para um almoço com presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o senador Gim Argello (PTB-DF), no qual foi traçada a estratégia para formação da CPI. Depois do encontro, ¿mergulhou¿.

Nem mesmo o ex-líder do PMDB no Senado Valdir Raupp (RO) sabe quais serão os nomes indicados por Renan para compor a CPI. ¿Me coloquei à disposição de Renan para a tarefa, mas ele não me deu resposta até agora¿, explica Raupp. No PMDB, a disputa para ocupar as três vagas de titular da CPI que cabem ao partido é grande, principalmente pela relatoria. Seria essa a grande dificuldade de Renan. Os quatro senadores do PMDB que subscreveram o pedido de CPI estão fora de cogitação. Os senadores Jarbas Vasconcelos (PE), Pedro Simon (RS), Geraldo Mesquita Junior (AC) e Mão Santa (PI), por isso mesmo, estão vetados.

Atuação agressiva O líder do PMDB também quer evitar a indicação de aliados que estejam em confronto com o PT em seus respectivos estados. Tradicional aliado do governo, com atuação agressiva contra a oposição em comissões de inquérito, o senador Almeida Lima (SE) teria indicação quase certa para a CPI, mas hoje ocupa a relatoria da Comissão de Orçamento. Nomes que surgem como prováveis indicados são dos senadores Gilvam Borges (AP), Paulo Duque (RJ), Lobão Filho (MA), Wellington Salgado (MG), Neuto De Conto (SC) e Leomar Quintanilha (TO).

Na oposição, a situação é confusa. O PSDB indicou o senador Álvaro Dias (PR) para presidir a comissão, mas não conseguiu entrar em acordo com o DEM, que também quer a presidência para o senador ACM Junior (BA). ¿O combinado é o partido que ocupar a presidência abrir mão das duas vagas restantes¿, explica Dias. A oposição tem direito a três titulares das 11 vagas que compõem a CPI. Já estão indicados os representantes do PTB, Fernando Collor de Mello (AL), e do PDT, Jefferson Praia (AM), sobre os quais o Palácio do Planalto não tem o menor controle.