Título: Defesa do Bolsa Família
Autor: Juliana Cipriani
Fonte: Correio Braziliense, 16/05/2009, Política, p. 11

O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), saiu ontem em defesa do Bolsa Família e reivindicou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a paternidade do programa coordenado por sua pasta, carro-chefe do governo petista. Diante da estratégia do PSDB com vistas à sucessão presidencial em 2010 ¿ de incorporar o discurso de promoção das políticas sociais e colocá-las como filhas do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso ¿, o petista disse que o programa é fruto de um processo histórico, mas foi Lula quem deu a ele uma ¿dimensão não prevista¿.

¿Se você pega os números fica claro uma coisa: algumas sementes foram plantadas antes, não vamos negar isso, mas o presidente Lula deu realmente um aporte de recursos financeiros, humanos, de integração de programas, que foi uma virada histórica¿, afirmou. De acordo com Patrus, embora o programa tenha como antecedentes o Bolsa Alimentação e o Bolsa Escola, do governo FHC, a gestão de Lula marcou uma mudança fundamental. ¿Aí é só você conferir os números, tanto do ponto de vista quantitativo como do qualitativo¿, afirmou. Outra conquista, segundo o ministro, foi a unificação dos dados no cadastro único de assistência social, que inclui hoje 16,5 milhões de famílias com renda de até 3 salários mínimos.

¿A questão não é a disputa política, é o futuro, é quem vai fazer mais e melhor. Se o PSDB e outros partidos estiverem assumindo o Bolsa Família, muito bom¿, emendou. Patrus também rebateu o discurso da oposição que, ao mesmo tempo em que defende o programa, faz críticas ao assistencialismo e diz que é preciso reformular seus métodos, dando aos beneficiários uma ¿porta de saída¿.

O ministro considera a expressão muito ruim. ¿Traduz um sentimento de `quando essas pessoas vão sair daí¿, como se os pobres fossem incômodos¿, disse. Patrus emendou dizendo que, na sua terra, no norte de Minas, a porta de saída é serventia da casa. ¿Nós queremos cada vez mais ampliar as portas de entrada¿, disse, referindo-se aos programas de inclusão social. Para garantir a continuidade e a estabilidade dos programas, Patrus afirmou que o governo está investindo na consolidação jurídica deles. ¿Dessa forma, para mudarmos ou fazer qualquer retrocesso, tem que mudar lei¿, disse.

A repercussão negativa do último relatório do Tribunal de Contas da União, segundo o qual 106 mil benefícios do Bolsa Família estariam sendo pagos irregularmente, também não ficou sem resposta. ¿Não dá nem 1%. Mesmo assim são casos para serem apurados¿, disse. De acordo com o ministro, enquanto o país aceita sem discussão subsídios para setores empresariais, com perdão de dívidas e outros meios, não há boa vontade com as famílias carentes. ¿Não há nenhuma tolerância com os pobres¿, disse.

Apoio Pré-candidato do PT ao Palácio da Liberdade, Patrus recebeu manifestações de apoio ao fazer palestra no 2º simpósio de Assistentes Sociais. Tirou fotos com estudantes e representantes dos movimentos sociais mineiros, que, durante ato político em comemoração ao dia do assistente social, manifestaram apoio a ele. Por estar em atividade oficial, o ministro se negou a comentar o processo de discussão no PT para a escolha do candidato.