Título: Com Azul, Campinas decola
Autor: Ribeiro , Erica
Fonte: O Globo, 20/11/2009, Economia, p. 25

A entrada da Azul no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, em dezembro passado, abriu uma guerra entre as principais companhias aéreas no setor, fez cair as tarifas em até 50%, ampliou o fluxo de pessoas no terminal e turbinou o volume de negócios na cidade paulista. O movimento de embarque e desembarque praticamente triplicou entre 2008 e 2009. De janeiro a outubro do ano passado, 912,5 mil pessoas passaram pelo aeroporto. Este ano, no mesmo período, foram 2,604 milhões, segundo a Infraero. Até dezembro, a estimativa é que esse número atinja 3,2 milhões ¿ também o triplo de 2008 e o equivalente à toda população da Região Metropolitana de Campinas.

Ganha Campinas, perde o Rio. Propulsora desse crescimento, a Azul, fundada pelo empresário David Neeleman, chegou a escolher o Santos Dumont para iniciar suas atividades. Mas, diante da resistência do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes ¿ contrários também à abertura do terminal carioca para voos além da ponte aérea ¿ a Azul optou por Viracopos.

O aeroporto de Campinas é agora a escolha de passageiros que moram em cidades vizinhas e não querem enfrentar o longo caminho até Congonhas, na capital paulista, para viajar a negócios ou lazer. Também tem sido o preferido de quem sai do Rio e do Sul, com destino, inclusive, a localidades de Nordeste e Sudeste. Viracopos tem 119 voos diários para cidades como Brasília, Rio, Salvador, Manaus, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Aeroporto emprega dez mil pessoas

Adalberto Febeliano, diretor de Relações Institucionais da Azul, pondera que o Rio continua nos planos da empresa, mas que tudo dependerá das condições futuras de mercado. Enquanto isso, Campinas recebe dois novos destinos em dezembro: Natal, no dia 1o, e Florianópolis, no dia 15.

¿ O aumento da oferta de voos garante maior comodidade. Antes, o passageiro que saía de Sorocaba ou do Sul de Minas, por exemplo, tinha que ir até São Paulo para, em seguida, embarcar para outras cidades. Hoje, pode ir a Campinas sem o trânsito das rodovias de acesso a São Paulo, chegar em Viracopos e embarcar para o Rio em uma viagem de aproximadamente 40 minutos ¿ diz Febeliano.

O presidente da Azul, Pedro Janot, diz que, com a concorrência acirrada no setor, o passageiro saiu ganhando: ¿ Houve de fato uma guerra mas, hoje, a situação é mais racional. Em dezembro de 2008, uma viagem para Salvador, saindo de Campinas, custava em média R$ 629 pelas duas maiores companhias. Hoje, pela Gol, custa em torno de R$ 299, mesmo preço da Azul.

Pela TAM, sai a R$ 309. Preços que permitem que mais pessoas tenham acesso ao avião.

O vice-presidente Comercial e de Planejamento da TAM, Paulo Castello Branco, destaca a redução de tarifas, proporcionada pelo crescimento na oferta de voos. Os preços chegaram a ficar até 50% menores. Um voo de Campinas para o Rio para o dia 27 é encontrado a partir de R$ 134 (TAM).

Pela Gol ou pela Azul, custa R$ 199.

Robson Falcão e George Berg trabalham em uma produtora de vídeo de Florianópolis e viajam quase toda semana para Campinas. O preço, para eles, é um dos grandes atrativos.

¿ Conseguimos pagar menos e sair do caos de Congonhas ¿ diz Falcão, que pagou R$ 278 no trajeto NavegantesCampinas-Vitória, pela Azul.

A superintendente da Infraero em Campinas, Lilian Ratto Neves, diz que o plano diretor do aeroporto prevê uma segunda pista e um novo terminal de passageiros, com investimentos de R$ 6,4 bilhões. Ambos devem ficar prontos em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil. O aeroporto é um dos maiores empregadores da cidade, com dez mil funcionários.

Segundo o secretário de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo de Campinas, Sinval Dorigon, o passo seguinte é receber voos internacionais. Uma das negociações é com a Air China.

Dorigon afirma que o volume de negócios entre Campinas e outras cidades vem crescendo. Dentro e fora do aeroporto, o comércio, segundo ele, está vendendo mais. Na rede hoteleira, a previsão é dobrar de oito mil para 16 mil o número de leitos na cidade. O ponto de táxi do terminal, que hoje conta com 37 carros, terá mais 20. O taxista Enilson Fellipe diz que o trabalho aumentou desde a chegada da Azul. Uma corrida até o Centro custa R$ 42. A maioria dos passageiros são turistas de negócios.

A movimentação de carga também aumentou. Outubro foi o melhor mês de 2009, com 13,2 mil toneladas de mercadorias importadas e 8,4 mil exportadas.