Título: CPI do MST só em fevereiro
Autor: Éboli, Evandro ; Stuckert Filho, Roberto
Fonte: O Globo, 17/12/2009, O Pais, p. 8

Parlamentares conversam sobre 3º mandato para Lula

BRASÍLIA. Por unanimidade, deputados e senadores da CPI do MST aprovaram ontem o roteiro de trabalho da comissão, mas as investigações mesmo só começam ano que vem, a partir de fevereiro. Por enquanto, o clima entre a bancada ruralista e parlamentares da base do governo ligados aos sem-terra é de serenidade. Mas a disputa acontece nos 58 requerimentos apresentados pelos dois lados, que querem investigar entidades ligadas aos semterra e patronais.

Os ruralistas pedem a quebra de sigilo das entidades com vínculo com o MST. E os defensores dos sem-terra querem investigar, por exemplo, o processo de regularização fundiária em Tocantins, estado da senadora e presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Kátia Abreu (DEM), opositora ferrenha do MST. As investigações, os depoimentos e as audiências públicas só acontecerão depois do recesso parlamentar.

Pelo cronograma, os trabalhos serão encerrados no fim de junho, antes do início do período eleitoral.

Uma demonstração de que o ambiente na CPI é amistoso ocorreu antes do início da reunião. Vice-presidente da comissão, o ruralista Ônyx Lorenzoni (DEM-RS) dividiu seu chimarrão com parlamentares do PT, entre eles Jilmar Tatto (SP), relator da CPI. A cuia passou ainda na mão de José Eduardo Cardoso (PT-SP) e ManuelaD´ Ávila (PCdoB-RS). Na roda, estava presente também o deputado Jackson Barreto (PMDB-SE), autor da proposta de emenda à constituição que, se aprovada, permitira um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Esse foi o tema da conversa descontraída.

O opositor Ônyx disse que a popularidade de Lula merece um estudo e afirmou que, se desejasse, o presidente teria força para aprovar a proposta de Barreto no Congresso Nacional. Na reunião, o deputado do DEM fez elogios ao plano de trabalho apresentado por Jilmar Tatto.

¿ Quero parabenizar o relator pela consistência e objetividade do roteiro. Claro que haverá enfrentamentos, mas esta comissão trabalhará e vai apresentar resultados para o Brasil ¿ disse Ônyx Lorenzoni.

O deputado Ernandes Amorim (PTBRO) questionou ao presidente da CPI, senador Almeida Lima (PMDB-SE), sobre disponibilidade de recursos para viagens aos estados de integrantes da comissão.

O senador disse que dinheiro não será problema.

¿ Temos R$ 200 mil previstos para gastas.

Recursos não faltam. E o Tesouro Nacional está muito bem ¿ disse Almeida Lima.