Título: Segurança e pós-crise trazem otimismo ao Rio
Autor: Rosa, Bruno ; Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 24/01/2010, Economia, p. 29

Pesquisa da Price mostra que empresários acreditam que economia fluminense vai se sair melhor que a do país

NO DEBATE, Luiz Eugenio, Andrea Ramal, Sérgio Cabral, João César, Julio Bueno e Gustavo Pecly: pior já passou

FUTURA CIDADE da Polícia: unidade da Souza Cruz que o estado assumiu

Após um 2009 cheio de incertezas, os empresários fluminenses comemoram 2010 com o otimismo em alta. A expectativa de aumento dos investimentos no estado se alia ao maior número de contratações, que já começaram com força. Os recentes ganhos de segurança, obtidos principalmente com a pacificação de algumas favelas, explicam parte deste bom momento econômico do Rio. Houve uma forte melhora no nível de percepção de segurança ¿ o que atrai recursos para o estado. Se em 2009, 96,7% das empresas consideravam esse o maior problema do Rio, este ano, o número caiu para 83,9%. Isso é reflexo, segundo empresários, de ações, como o combate ao tráfico de drogas em favelas, com a criação das Unidades de Polícias Pacificadoras (UPPs).

Essas são as principais conclusões da 6ª Sondagem Empresarial ¿A força do Estado do Rio de Janeiro¿, da PricewaterhouseCoopers (PwC), com apoio do GLOBO, e do encontro ¿A Economia em Debate¿, realizado na terça-feira passada no jornal. Para empresários que sediam suas atividades no estado, o Rio se sairá melhor que o resto do Brasil nesse período pós-crise mundial. O sentimento positivo ganha impulso extra com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio.

Insegurança e educação: problemas do crescimento

Prova de que o pior da crise financeira global ficou para trás é que 83,9% dos empresários consultados na pesquisa acreditam que 2010 será melhor que o ano que passou. Mas para isso, continuam, é preciso que o governo priorize itens como carga tributária e infraestrutura, questões apontadas como os principais problemas por 35,5% das companhias. O cenário é bem diferente de 2009, quando o desemprego aparecia entre as maiores preocupações. Na área social, a agenda inclui insegurança, criminalidade ¿ cuja cobrança por mais ações cresceram após os primeiros resultados positivos ¿ e educação.

¿ Em 2009, por causa da crise, houve uma interrupção na tendência de otimismo. Se no auge da crise, o emprego era a principal preocupação, agora a prioridade é insegurança e educação. São problemas de um país que quer crescer ¿ diz João César Lima, sócio da PwC.

O governo sabe disso e age em parceria inédita nos três níveis ¿ federal, estadual e municipal ¿, o que é bem avaliado por empresários e políticos.

¿ A esquerda se iludiu com a violência do morro nos anos 60, sobrevalorizando a imagem do malandro, e a direita fez o mesmo com as milícias nos anos 90, achando que estavam expulsando o tráfico. Esse oba-oba gerou a mixórdia que ficou o Rio. Não sei o que emociona mais o morador (das comunidades com UPP) se a nova habitação, o novo posto de saúde ou a pacificação ¿ disse o governador Sérgio Cabral.

Além da pacificação, o governo estadual tem assumido espaços empresariais na cidade abandonados pelas firmas por insegurança. É o caso do antigo centro de pesquisas da Souza Cruz, que será em breve a Cidade da Polícia, e da fábrica desativada da Poesi, em Manguinhos, que está se transformando em conjunto habitacional:

¿ A deterioração da economia do Rio tem tudo a ver com os problemas de segurança ¿ afirmou o governador.

Com a Copa e as Olimpíadas, 64,5% dos empresários acreditam que o Rio terá crescimento maior que o resto do país, pois para 61,3% das companhias haverá benefícios permanentes na infraestrutura. Além disso, o estado entrou de vez no radar das empresas. Subiu de 76,7% para 83,9% o total de companhias que escolherem o Rio para investir.