Título: Convocação extra não garantiu punições no DF
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 30/01/2010, O País, p. 8

Processos de impeachment contra Arruda empacam

BRASÍLIA. Muito barulho, sessões e eleições convocadas e desmarcadas, entra e sai de deputados de comissões e nenhum resultado concreto. A autoconvocação da Câmara Legislativa do Distrito Federal durante o recesso parlamentar de janeiro não garantiu qualquer avanço no trâmite dos três processos de impeachment contra o governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), acusado de chefiar o suposto esquema do Mensalão do DEMDF.

Pelo contrário. No caso da Comissão de Constituição e Justiça, primeira etapa de tramitação, houve retrocesso: prazos foram anulados por decisão judicial e, como os aliados de Arruda não definiram os novos integrantes, o processo está na estaca zero.

Também não avançou o trabalho da CPI criada para investigar as denúncias de corrupção no GDF. Depois da tentativa da tropa de choque de Arruda de sepultar a CPI, na semana passada, a eleição do novo presidente foi mais uma vez adiada, ontem, para semana que vem, quando os deputados abrem o ano legislativo.

Todas as manobras foram conduzidas, nos bastidores, pelo governador Arruda, que tem evitado eventos públicos.

¿ O balanço é de uma convocação completamente improdutiva.

Não conseguimos ouvir o Durval (Barbosa, autor das denúncias), e nem mesmo os requerimentos de pedido de informação a órgãos do governo foram encaminhados. Não há calendário aprovado de depoimentos.

Um engodo completo ¿ lamentou o deputado Paulo Tadeu (PT), único oposicionista da CPI.

Minoria numa Câmara completamente dominada por Arruda, o PT conseguiu causar constrangimento nos distritais ao assumir, mesmo que interinamente, o comando da Casa, com o deputado Cabo Patrício.

Os dois avanços obtidos este mês não vieram da Câmara e sim da Justiça: o afastamento da presidência do deputado, Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM), flagrado em vídeo enchendo até as meias de dinheiro do esquema; e o impedimento de oito distritais aliados de Arruda de participarem das decisões sobre o impeachment