Título: PT altera programa de governo de Dilma para reforçar estabilidade
Autor: Jungblut, Cristiane; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 11/02/2010, O País, p. 4

Congresso do partido, que custará R$ 6,5 milhões, votará as propostas

BRASÍLIA Para tentar neutralizar críticas da oposição e até de aliados à defesa que o PT faz do Estado forte, a executiva nacional do partido promoveu ontem alterações na proposta de programa de governo da presidenciável Dilma Rousseff para reforçar, de forma mais explícita, os pilares da estabilidade econômica. O partido vai escrever que o tripé da política econômica continua o mesmo: gestão fiscal responsável, câmbio flutuante e meta de inflação. O texto será aprovado pelos 1.400 delegados que participarão, na próxima semana, do Congresso Nacional do PT, onde ocorrerá o lançamento da pré-candidatura da ministra da Casa Civil. O custo total do evento foi orçado em R$ 6,5 milhões.

Depois de transformar o plenário da Câmara em cenário para uma comemoração dos 30 anos do PT ¿ com direito à abertura de bandeiras e uso de gravatas vermelhas pelos deputados ¿ o atual presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse ontem que o programa de governo de Dilma defenderá a estabilidade econômica e, ao mesmo tempo, a necessidade de um Estado forte.

Berzoini reforçou que o fortalecimento do Estado não pode ser confundido com ¿inchaço¿ da máquina pública.

¿ O programa que será aprovado (no encontro do PT) será só do PT, mas vamos discutí-lo com os aliados. Lula só virou alternativa de poder assim (com aliança). O texto dialoga com a posição do partido de 2002, o tripé da política econômica continua o mesmo: gestão fiscal responsável, câmbio flutuante e meta de inflação. E ter uma visão de fortalecimento do Estado não é visão de inchaço, é à altura das necessidades do país ¿ disse Berzoini, afirmando que metade dos cargos criados por Lula foram para a Educação, num total de quase 30 mil vagas.

Tom ¿esquerdista¿ de documento tinha desagradado A cautela petista que resultou na alteração no texto não foi por acaso. A cúpula do PMDB já tinha avisado que o partido ¿ que deve oficializar aliança com o PT em junho ¿ não gostou do tom ¿esquerdista¿ do programa petista que defende a maior presença do Estado na economia.

O documento intitulado ¿A Grande Transformação¿, elaborado pelo assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, defende o fortalecimento das empresas estatais e as políticas de crédito dos bancos públicos para o setor produtivo.

¿ O que vamos propor é um país com avanço no desenvolvimento, mas com uma máquina pública mais eficiente e à altura desse desafio. Para isso, vamos fortalecer as carreiras de Estado ¿ disse a vicepresidente do PT, deputada Maria do Rosário (RS).

No discurso na Câmara, Berzoini cutucou a oposição, afirmando que cabe ao PSDB apresentar o seu programa de governo para debater com o PT. Berzoini falou dos 30 anos do PT e da crise de 2005, mas sem citar o escândalo do ¿mensalão¿.

¿ O PT vai para as eleições de 2010 podendo debater qualquer assunto, de qualquer área. O PT não vai se contentar de falar o que foi feito. O PT tem uma plataforma extraordinária ¿ disse.

Segundo o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, o gasto para o congresso do partido será dividido entre os diretórios nacional, estaduais e filiados. Esse valor será usado para pagar hospedagem, passagens, aluguel de espaço, e custo com convidados, inclusive observadores internacionais.

Além disso, está previsto um show. O PT tenta fechar com Jorge Ben Jor ou com o sambista Martinho da Vila.