Título: Lula cobra agilidade em obras do Planalto
Autor: Damé, Luiza; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 18/02/2010, O País, p. 3

Presidente teme que trabalho não acabe no prazo previsto, antes da celebração do cinquentenário de Brasília em 21 de abril

BRASÍLIA. Em sua primeira visita às obras de reforma do Palácio do Planalto, ontem, o presidente Lula considerou, ¿como leigo¿, que o trabalho não será concluído antes de 21 de abril, dia do aniversário de 50 anos de Brasília e data prevista para a reinauguração.

Responsáveis pela obra afirmaram, porém, que tudo está no cronograma. Mas a área política do governo já tenta separar a reinauguração do Planalto da festa de aniversário preparada pelo governo local.

O escândalo de corrupção no Distrito Federal, que pôs na cadeia o governador afastado José Roberto Arruda, levou o governo federal a mudar os planos. Em vez de uma cerimônia inserida no programa de comemoração do cinquentenário, o gabinete do presidente está preparando uma festa independente para entregar o Palácio restaurado à população do Distrito Federal.

A solenidade está sendo preparada pelo gabinete de Lula, em conjunto com a Secretaria de Comunicação Social e o Ministério da Cultura, para ser submetida ao presidente, que dará a palavra final sobre a dimensão do evento e os convidados.

Segundo a Presidência, a obra de reforma do Planalto, que começou em maio de 2009, será concluída em meados de abril, e Lula voltará a despachar do Palácio após o aniversário de Brasília. Quem não voltará a trabalhar no Planalto neste governo será a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que deixará o cargo até 1° de abril para disputar a eleição presidencial pelo PT.

A reforma está sendo tocada em ritmo acelerado, com três turnos de trabalho, para que os prazos sejam cumpridos. Assustou o presidente o fato de muitas paredes ainda estarem no tijolo aparente, sem reboco ou acabamento.

Também estão sendo construídas a garagem subterrânea, para 500 carros, e a torre externa, nos fundos do Planalto, que abrigará assessorias dos ministérios palacianos, as copas, escadas de emergência e o comitê de imprensa.

Paralelamente à reforma, servidores da Presidência estão preparando o mobiliário do Planalto, que seguirá o padrão de um palácio de governo.

Em vez de móveis de material compensado, até então usado em algumas salas, tudo será de madeira.

A principal preocupação é com o gabinete do presidente. Há uma proposta de decorá-lo com os móveis projetados pela arquiteta Ana Maria Niemeyer, filha de Oscar Niemeyer, especialmente para Juscelino Kubtischek.

A mobília é toda em jacarandá e couro e tem estilo mais leve, com pernas das mesas e cadeiras seguindo o estilo das colunas internas do Planalto. Lula decidirá se mantém o mobiliário atual, em estilo mais pesado, que decorava o Palácio Guanabara na época de Getúlio Vargas.

No início do ano passado, enquanto corria a licitação, a reforma do Palácio começou a ser feita pelo Exército.

Em maio, a construtora Porto Belo ¿ PB Construções e Comércio ¿ assumiu a restauração, orçada em R$ 78,8 milhões. O projeto da reforma, feito pelo escritório de Niemeyer, custou R$ 1,069 milhão, em 2007.

A proposta é recuperar as características originais do palácio, com amplos espaços livres. A maior mudança será percebida no quarto andar, onde ficavam quatro ministérios: Casa Civil, Secretaria Geral, Gabinete de Segurança Institucional e Secretaria de Relações Institucionais. Lula costumava chamar o quarto andar de favela e reclamava dos ¿puxadinhos¿, referência ao amontoado de salas. O andar terá um saguão voltado para a Praça dos Três Poderes, decorado com um painel de Athos Bulcão. Com a mudança, o número de servidores no palácio cairá de 600 para 250.