Título: Dilma terá tesoureiro até maio
Autor: Paul, Gustavo; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 22/02/2010, O País, p. 3

Pré-campanha da ministra quer nome à parte das finanças do PT

BRASÍLIA. A campanha da ministra Dilma Rousseff deverá ter um tesoureiro próprio definido até maio. Ainda não há nomes listados, mas o perfil será de um militante do PT que seja discreto, disse o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, que atua no núcleo de comando da pré-campanha.

A maioria dos dirigentes do PT tem avaliado que será mais seguro para a imagem do partido ter uma tesouraria da campanha separada das finanças do partido para não repetir o escândalo do mensalão, protagonizado pelo extesoureiro Delúbio Soares. Os dois tesoureiros deverão também ter um grupo de apoio para as arrecadações.

¿ Não poderemos manter o mesmo tesoureiro. Até porque o tesoureiro do partido terá que cuidar das campanhas nos estados também.

Entre abril e maio decidiremos isso.

Com certeza, será um militante discreto ¿ disse Pimentel.

A hipótese mais cogitada, de que as finanças da campanha fiquem por conta do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda), que integra o núcleo da campanha de Dilma, foi descartada pelo chefe de Gabinete de Lula, Gilberto Carvalho: ¿ Na realidade, ainda não temos o nome do tesoureiro. Palocci vai cuidar mais das relações com os empresários, mas não no sentido arrecadatório, e sim o de buscar apoios, de chamá-los à campanha.

O novo tesoureiro do PT, nomeado oficialmente sábado à noite, é o paulista João Vaccari Neto, que cuidará do caixa do partido e das campanhas nos estados. Alguns petistas ainda defendem que Vaccari acumule os dois postos, já que tem o perfil de discrição exigido na pré-campanha.

No entanto, o medo de repetição do caso Delúbio ainda assombra a maioria.

Após uma acirrada disputa interna, a divisão do poder no PT foi decidida de modo a garantir tranquilidade na campanha eleitoral de Dilma.

Com mandato até 2013, a montagem não contentou as correntes internas. Mas a trégua deve terminar logo após a campanha, anteciparam várias lideranças.

A cientista política Maria Vitória Benevides, do grupo Mensagem ao Partido, disse que a divisão interna será um caminho natural do PT, caso medidas não sejam tomadas: ¿ A divisão será inevitável, se mantivermos esse rumo ¿ disse a cientista política.