Título: Mal começou e já virou novela
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 04/06/2009, Política, p. 3

Acordo entre a oposição e o governo adia para a próxima semana início da CPI da Petrobras. Impasse permanece

Diálogo curto e grosso entre o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e o senador Paulo Duque (PMDB-RJ), mais velho integrante da CPI da Petrobras e responsável por sua instalação, durante a tarde de ontem, no cafezinho da Casa: ¿Vou viajar amanhã às 10h, outros senadores também, você não vai ter quorum para a instalação. É melhor marcar para a próxima quarta-feira¿, disse Romero. ¿É problema seu. Marquei a instalação para as 11h, ninguém tem obrigação de comparecer, somente eu. Estarei lá 10 minutos antes, se houver quorum vou instalar a comissão¿, disparou Duque, disposto a manter a reunião.

O veterano parlamentar fluminense, que na terça-feira deu por encerrada a primeira tentativa de instalação da CPI por falta de quorum com 13 minutos de espera na presidência da comissão, virou uma espécie de gênio fora da lamparina mágica: dá o maior trabalho para colocá-lo de volta. Foi preciso um acordo de Jucá com os líderes do PSDB Arthur Virgílio e do DEM José Agripino no fim da tarde de ontem para convencer o senador a adiar a reunião para a próxima quarta-feira. Duque afirma que vai cumprir o regimento e instalar a comissão, desde que haja quorum. Não leva em conta a estratégia governista de obstruir a instalação da CPI até que a oposição aceite reintegrar o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) como relator da CPI das ONGs.

A oposição bem que tentou reunir seis senadores para instalar a comissão na manhã de hoje, diante da intenção de Duque de manter a reunião que havia convocado. Virgílio chegou a consultar o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que garantiu que compareceria à reunião, mas o senador Jefferson Praia (PDT-AM) não deu a mesma certeza. O líder do PSDB, então, desistiu do intento: a tentativa de instalar a CPI hoje pela manhã poderia virar um mico na sua mão. A oposição está tão enfraquecida na CPI que não consegue capitalizar o desentendimento entre os governistas, aproveitando a queda de braço entre os líderes do PMDB Renan Calheiros (AL) e do PT Aloizio Mercadante (SP).

Preferência Ontem, Renan aumentou a cortina de fumaça em relação ao comando da CPI da Petrobras. Disse que não sabe ainda se o PMDB ficará com a presidência ou a relatoria. ¿Dependendo do cargo, o perfil muda¿, completa, enigmático. O nome de preferência do Palácio do Planalto é Jucá, mas o líder do governo já jogou a toalha e revela cansaço com a situação: ¿Não faço a menor questão de ser relator¿, disse o líder do governo no Senado.