Título: Queda no PIB do campo preocupa
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 11/06/2009, Economia, p. 17

O mau desempenho do campo no cálculo geral do Produto Interno Bruto (PIB) referente ao primeiro trimestre de 2009 está relacionado aos baixos investimentos em tecnologia aplicada às lavouras e aos problemas climáticos que atingiram algumas das regiões produtoras do país. As quedas de 0,5% nos primeiros três meses do ano e de 1,6% em relação ao mesmo período de 2008 no segmento agropecuário refletem as incertezas que rondam o agronegócio desde outubro do ano passado.

Ao longo de janeiro, fevereiro e março de 2009 quase todos os setores da economia rural amargaram perdas. A produção de grãos encolheu, os preços das carnes flutuaram, o que deixou o produtor inseguro. Os altos índices de endividamento e os financiamentos caros ajudaram a travar ainda mais o setor. ¿Apostamos em um cenário de recuperação a partir do segundo semestre. Mas é possível que o segundo trimestre também feche no vermelho¿, diz Rosemeire dos Santos, assessora-técnica da Comissão Nacional de Cereais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Na avaliação da entidade, ainda que o horizonte aponte para cenários menos catastróficos do que os imaginados anteriormente, o ano inspira cuidados especiais e atenção por parte do empresário do campo. Com indicações de crescimento negativo da economia brasileira, as expectativas para o agronegócio estão sendo revistas quase que diariamente. Por enquanto, segundo Rosemeire, ainda não é possível arriscar qual será o comportamento do setor até dezembro. ¿Se o país crescer 0% tem de comemorar. Ainda mais em meio a tantos resultados ruins e outros países do mundo¿, completou a analista.

A colheita nacional de grãos ¿ que já está no fim ¿ deverá fechar 10 milhões de toneladas menor do que em 2008. De acordo com a CNA, essa perda de produtividade vem ditando o ritmo do planejamento dos agricultores para a próxima safra, o que é preocupante. Em nota, a confederação advertiu na terça-feira que a queda do PIB divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pode ter sido maior porque, conforme a CNA, o IBGE utiliza em seus cálculos a metodologia de preços constantes ¿ entre dois anos consecutivos.