Título: O preço da liberdade: US$ 200 mil
Autor:
Fonte: O Globo, 26/05/2010, O Mundo, p. 33

Mediante fiança, Irã aceita libertar o cineasta Jafar Pahani, em greve de fome TEERÃ. Após dois meses preso, dez dias de greve de fome e uma fiança de US$ 200 mil (R$ 370 mil), o cineasta iraniano Jafar Pahani, de 49 anos, foi libertado ontem.

Notório simpatizante da oposição ao governo do Irã, Pahani cujos filmes são conhecidos por abordar controversas questões sociais deixou a penitenciária de Evin após o pagamento da fiança, mas o processo contra ele ainda será levado à Corte Islâmica Revolucionária. De acordo com a agência Isna, o promotor público Abbas Jafari Dolatabadi afirmou que o cineasta ainda pode ser indiciado, apesar de o governo não ter revelado quais acusações pesam contra ele.

Preso em março, há dez dias Pahani deu início a uma greve de fome, pedindo autorização para ver a família, fazer contato com seus advogados e ser submetido a um julgamento transparente. O anúncio do protesto mobilizou as indústrias cinematográficas americana e europeia e, na quarta-feira passada, sua mulher, Tahereh Saeedi, recebeu autorização para vê-lo.

Apesar de seu estado geral ser bom, tive a impressão de que estava fisicamente debilitado contou Tahereh.

A fiança de dois bilhões de riais, na moeda local, causou espanto. Num país onde o salário médio é de cinco milhões de riais, para analistas, o valor estratosférico retrata a indústria de perseguição política após os protestos contra a controversa reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Presa, a blogueira Hengameh Shahidi teve que pagar 900 milhões de riais para deixar sua cela. O ex-vice-presidente reformista Ali Abtahi havia feito o pagamento recorde até então: sete milhões de riais nada comparado ao que desembolsou a família do cineasta.