Título: Vou fazer o que é melhor para o futuro
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 15/06/2010, Economia, p. 20

Lula não revela sua posição sobre veto à emenda dos royalties do petróleo

QUELUZITO (MG). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que já tem "consciência do que precisa ser feito" e que fará "aquilo que é melhor para o futuro do Brasil" com o projeto que altera a partilha dos royalties do petróleo. Lula voltou a sinalizar que deve vetar o texto, caso a Câmara dos Deputados mantenha a proposta aprovada semana passada no Senado. Os deputados podem votar ainda hoje.

Lula afirmou que sua decisão já estava tomada "desde que mandamos para o Congresso" o projeto sobre a exploração e partilha dos royalties. Ele não revelou sua posição, mas deu a entender que discorda da emenda do senador Pedro Simon (PMDB-RS), aprovada pelo Senado, que redistribui a receita do petróleo e tira receita de estados produtores, como Rio de Janeiro e Espírito Santo.

O presidente participou ontem da inauguração do Gasbel II, de 267 quilômetros, gasoduto previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que liga Volta Redonda a Queluzito, em Minas Gerais. A obra, de R$1,28 bilhão, vai elevar a capacidade de transporte de gás natural para Minas de quatro milhões para 12,9 milhões de metros cúbicos.

Lula disse que a discussão em torno dos royalties não deveria ocorrer antes das eleições, porque "aí a razão não existe":

- Existe a paixão, existe a promessa do dinheiro fácil. As pessoas deixam de dizer as coisas com racionalidade. Eu também tenho consciência já do que precisa ser feito. Eu vou fazer aquilo que é melhor para o futuro desse país. O pré-sal não é uma coisa para hoje, não é uma coisa para amanhã. Eu trabalho com o pré-sal para os nossos netos, para os nossos filhos.

"Estou muito tranquilo para tomar essas decisões"

Apesar de integrantes do governo dizerem que a tendência do presidente é vetar o projeto, Lula desautorizou qualquer manifestação nesse sentido e disse que sua decisão será anunciada no momento certo:

- Um dia (o projeto) chega na minha mesa. Quando chegar, eu chamo as pessoas que têm que dar parecer. A Fazenda, a Previdência, o Planejamento. Se o parecer deles for de acordo com o meu, muito bem. Se eles quiserem vetar e eu não quiser, eu não veto. Estou muito tranqüilo para tomar essas decisões.

Se a Emenda Simon entrar em vigor, o Estado do Rio deve perder em torno de R$7 bilhões por ano.

Na inauguração do gasoduto, o presidente ainda comparou a situação da Petrobras durante seus dois mandatos e aos governos anteriores:

- Há oito anos já estava determinado pelas pessoas que governavam este país que a Petrobras não tinha gás. Já estava determinado que a engenharia brasileira e a Petrobras não tinham competência para fazer novos navios, novos estaleiros, e que o petróleo da Petrobras estava acabando. Veja o que aconteceu. A Petrobras, que não tinha condições de fazer uma plataforma de petróleo no Brasil, está fazendo.