Título: Coordenação de Dilma ficará com PT e PMDB
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 12/07/2010, O País, p. 4
Demais partidos aliados terão participação secundária nas decisões da campanha petista
BRASÍLIA. O núcleo da coordenação política da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, ficará restrito ao PT e ao PMDB, embora a coligação governista conte com dez partidos. Depois de muita pressão, o PMDB finalmente terá um representante no comando central da campanha a partir dessa semana. Os demais partidos aliados atuarão de modo periférico na coordenação.
Vice-presidente da Caixa e dirigente do PMDB, Moreira Franco será integrado ao grupo de coordenadores, junto com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o secretário geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo (SP), o deputado Antonio Palocci (PT-SP) e o líder do governo, Cândido Vaccarezza. Indicado pelo deputado Michel Temer (PMDB-SP), candidato a vice de Dilma, Moreira deixará a Caixa.
Para conter a insatisfação dos partidos da base que se sentem excluídos da campanha, Dilma se dedicará esta semana a atos com os aliados. Além de inaugurar amanhã à tarde o comitê central da campanha, em Brasília, ela participará à noite de um jantar com 150 parlamentares governistas. Por enquanto, sua agenda de viagens só prevê uma ida ao Paraná, na sexta-feira.
Com o mesmo objetivo de aparar arestas e afagar aliados, haverá hoje reunião do Conselho Político com os representantes dos 10 partidos. Está em discussão a proposta de se criar um grupo executivo compacto, com um integrante de cada legenda, para resolver com agilidade problemas como conflitos regionais.
- É natural que até esse momento o PT estivesse centralizando a coordenação. Mas agora, com Michel Temer na vice, o PMDB obrigatoriamente tem que estar na coordenação - disse ontem o presidente do PT, José Eduardo Dutra. - Não tem como fazer uma coordenação operacional com 20 integrantes. Seria inviável. O Conselho Político discutirá a estratégia global. É possível engajar os partidos nas várias coordenações, como a de agenda - acrescentou.
O PMDB vai propor que Michel Temer faça uma agenda paralela a de Dilma durante a semana. Só nos grandes eventos de fim de semana, a dupla estaria junta. O PMDB deseja aproximar mais a candidata dos aliados, como forma de diminuir as críticas internas. Por isso, o presidente Lula não deve comparecer no jantar de amanhã, na residência do deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). Ela será a única atração, à disposição dos aliados.
- A Dilma deve ir sozinha para o jantar, sem o Lula, para interagir mais com os aliados. Ela vai conhecer melhor o seu exército (os parlamentares), e tirar proveito dessa máquina. Além disso, podemos dar mais agilidade com Temer fazendo campanha para um lado e Dilma para outro - disse o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).