Título: Corrida acirrada por vagas no Senado
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 16/07/2009, Cidades, p. 42

Coligação do grupo do governador José Roberto Arruda deve lançar dois nomes. Com isso, já existem pelo menos nove pré-candidatos

Ana Maria Campos

Paulo de Araujo/CB/D.A Press - 29/10/06 Em outubro de 2006, os brasilienses elegeram um senador. No ano que vem, serão duas vagas: assim, a disputa promete ser mais concorrida

A disputa ao Senado é o grande nó das alianças políticas para a candidatura à reeleição do governador José Roberto Arruda (DEM). Com um amplo arco de partidos favoráveis à sua administração, ele terá de compatibilizar interesses e até desagradar aliados em nome do projeto eleitoral de 2010. O assunto ainda é tratado com discrição. Os nove pré-candidatos pressionam. Mas Arruda tem dito que a decisão será tomada no momento certo, depois de longas rodadas de negociação em que todos serão consultados. O problema é que existe muita gente para duas vagas.

A coligação do grupo arrudista deverá lançar dois candidatos às duas vagas do Senado. Sobra ainda o segundo posto mais importante na chapa, de vice-governador. Mesmo assim, apenas três aliados serão contemplados na área mais nobre da disputa. O secretário de Transportes, Alberto Fraga, é um dos que não esconde a pretensão. Ele é apontado como o candidato que, pela sua contundência nas declarações, terá condições de defender o governo de ataques nas próximas eleições. ¿Só quero a chance de concorrer. Acredito numa aliança em que eu e o (Tadeu) Filippelli sejamos os candidatos ao Senado¿, afirma Fraga.

O secretário de Transportes é aliado de Arruda de primeira hora. Mas também tem recebido recados do ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) para que se junte a ele no projeto para as próximas eleições. O mesmo tem ocorrido com o secretário de Trabalho, Robson Rodovalho. Deputado federal e dono de um reduto fiel entre os evangélicos, tem sido apontado como um possível vice de Roriz, caso o ex-governador saia mesmo candidato ao GDF. Tadeu Filippelli é outro nome que está afinadíssimo com Arruda, mas precisa ser atendido em suas pretensões.

Ele admite que está na disputa ao Senado, mas afirma que na negociação ninguém pode começar a conversar com lugar cativo. ¿Trabalho em nome de entendimento, mas vincular nomes a cargos impede uma grande aliança¿, disse. Presidente regional do PMDB, ele deixou transparecer em conversas que gostaria de ser o vice na chapa encabeçada por Arruda. Mas também não se pode descartar que, numa aliança nacional tendo o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), como vice da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, haverá possibilidade de aproximação de Filippelli com o PT no Distrito Federal.

Governo Lula

Outro caso a resolver é o senador Adelmir Santana (DEM-DF). Ele afirma acreditar que um acordo fechado há dois anos, para que ele permanecesse no DEM e não migrasse para uma legenda da base do governo Lula, será cumprido. ¿Tenho convicção de que serei candidato a reeleição pelo DEM, com apoio do governador Arruda¿, afirma Santana. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) se aproximou de Arruda e até indicou para a secretaria Extraordinária de Educação Integral um pedetista de seu grupo político, Marcelo Aguiar. Mas o pedetista já percebeu que dificilmente conseguirá ser o nome da preferência de Arruda na disputa à reeleição no Senado, embora busque o segundo voto dos arrudistas.

Para acertar a composição com os aliados, Arruda tem de combinar o jogo com Paulo Octávio. Em entrevista ao Correio, o Arruda declarou que o vice-governador tem preferência na escolha do cargo a que deverá concorrer em 2010. ¿Ele será o primeiro a escolher¿, disse Arruda. Caso não dispute o GDF, o vice deverá preferir manter a posição atual, como segundo homem mais importante na administração, até porque Arruda tem garantido espaço para seu vice. Se a chapa for reeleita, Arruda deverá se desincompatibilizar em 2014 para concorrer a outro cargo público. Dessa forma, seu vice poderá ganhar nove meses de governo e ainda a possibilidade de conduzir o processo eleitoral.

Só quero a chance de concorrer. Acredito numa aliança em que eu e o (Tadeu) Filippelli sejamos os candidatos ao Senado

Alberto Fraga, secretário de Transportes

O número 1,7 milhão de eleitores é a quantidade de pessoas aptas a votar no Distrito Federal em junho deste ano, de acordo com levantamento divulgado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF).

Jogo embolado na oposição

Na oposição, as candidaturas ao Senado também dependem ainda de muitos arranjos políticos. Um dos dois pré-candidatos petistas ao Governo do Distrito Federal, o deputado Geraldo Magela ou o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, poderá trocar de lugar na chapa, ao sair derrotado na disputa interna ou até mesmo para atender uma interferência do Palácio do Planalto em nome da composição mais favorável na aliança presidencial. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já demonstrou que quer ver um aliado fiel representando o Distrito Federal no Senado.

Esse político não seria o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que tem sido crítico a Lula durante a crise no Senado. Na sessão de ontem, o pedetista, que já tinha atacado o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA), reclamou em discurso de uma declaração de Lula. O presidente da República criticou a oposição no Senado e disse que os senadores são ¿bons pizzaiolos¿ e também que não tem nenhum ¿bobo¿ na Casa. Cristovam reclamou.

Com o afastamento de Cristovam do PT, o nome do deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) tem crescido como alternativa para o Senado. Ele tem uma ótima relação com Agnelo e poderá contar com o apoio do petista. Rollemberg, inclusive, já conversou com o presidente Lula sobre a aliança entre PSB e PT no Distrito Federal. O deputado distrital Chico Leite (PT) também tem surgido como uma opção. (AMC)