Título: Líderes de partidos querem equiparar salários
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 15/12/2010, O País, p. 14

Com vencimentos iguais entre poderes, deputados e senadores teriam aumento de 61,8% e presidente, 134%

BRASÍLIA. A maioria dos líderes dos partidos na Câmara dos Deputados defendeu ontem, na primeira reunião formal para discutir o assunto, a equiparação salarial de autoridades dos três poderes aos vencimentos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje em R$26,7 mil. A expectativa era de que essa proposta fosse votada hoje na Câmara; porém, a decisão pode ficar para a semana que vem, a última de trabalho antes do recesso legislativo, que se estenderá até o fim de janeiro. O tema voltará a ser discutido hoje em reunião da Mesa Diretora da Câmara.

Na reunião de líderes, o único a ponderar que o melhor seria fazer a equiparação de forma gradual foi o representante do PSOL, Ivan Valente (SP). Ele argumentou que seria uma forma de reduzir a reação contrária da opinião pública à medida.

Outros líderes, no entanto, reagiram, alegando que "apanhariam violentamente todas as vezes" que fosse aplicado reajuste gradativo para se chegar à equiparação.

- O resumo da ópera foi: vamos apanhar todos os dias, o dia todo, mas vamos votar. Se fizermos gradual, vamos apanhar violentamente todas as vezes que for dado o reajuste. O melhor é fazer de uma só vez - afirmou um dos líderes, resumindo o sentimento do grupo na reunião de ontem.

Reajuste para presidente e vice pode chegar a 134%

Pela proposta em discussão - e que ainda precisa ser acordada pelos senadores, já que o projeto de decreto legislativo com o aumento precisa ser aprovado nas duas Casas do Congresso -, os reajustes seriam de 61,8% para deputados e senadores; e de 134% para presidente e vice-presidente da República. Os ministros também teriam seus salários mais que dobrados.

Hoje, os parlamentares ganham subsídio de R$16,7 mil. O presidente da República tem salário atual de R$11,4 mil. Os ministros da Esplanada, R$10,7 mil. Estão excluídos do valor as outras vantagens e benefícios, diretos e indiretos, que todos as autoridades têm.

Ontem, o vice-presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que está conduzindo as votações de projetos e também as negociações em torno do aumento aos parlamentares, afirmou que a reunião não teve conclusão. Não havia, na tarde de ontem, definição se a proposta poderá ser votada hoje.

Maia confirmou apenas que a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, responsável por elaborar o projeto de decreto legislativo, se reunirá hoje às 11h. Líderes que participaram do encontro, no entanto, contam com a votação da proposta ainda no dia de hoje, por entenderem que será bem mais difícil promover a análise na próxima semana.

Temer diz não ter objeção aos reajustes

O presidente da Câmara dos Deputados e vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou ontem "não ter objeção" à votação do aumento dos parlamentares. Disse, porém, que não conduziria as negociações porque renunciará hoje à presidência da Casa, para, assim, poder ser diplomado como vice-presidente eleito na próxima sexta-feira.