Título: Banco Mundial faz alerta para bolha de crescimento
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 30/01/2011, Economia, p. 37

O Fórum Econômico Mundial de Davos termina hoje, na Suíça, com um tom surpreendentemente otimista em relação à economia global. O consenso, no entanto, é de que os riscos permaneçam. Ontem, em painel que reuniu representantes de países ricos e das duas economias emergentes mais dinâmicas da atualidade, Índia e China, o presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, alertou que o crescimento rápido no mundo emergente, além de inflação, poderá criar ¿bolhas¿, que, potencialmente, podem vir a explodir.

Ao citar a iminência de uma ¿bolha¿, Zoellick não mencionou nenhum país, mas na cabeça de todos estava a China, onde o temor é uma bolha no setor imobiliário.

¿ As causas da inflação são diferentes em cada economia emergente. Algumas estão na oferta, outras na demanda. Mas estas são questões que as autoridades têm que enfrentar ¿ comentou Zoellick

O presidente da Comissão de Planejamento da Índia, Montek Ahluwalia, concordou que a inflação virou sim um grande problema para seu país. A previsão é de um crescimento de 8,5% este ano e de 9%, em 2012:

¿ Ótimo se crescermos mais, mas a inflação nos preocupa. Em dezembro, a taxa foi além do esperado, 8,5%. Estamos acabando com estímulos fiscais.

Os chineses, que cresceram 10% em 2010, têm as mesmas preocupações dos indianos, admitiu Yu Yonding, da Academia Chinesa de Ciências.

¿ Definitivamente, a inflação é nossa grande preocupação hoje e, ainda que o governo tenha conseguido deter os preços, estamos atentos a bolha no mercado imobiliário. Mas a demanda continua muito grande ¿ disse.

Yonding, no entanto, não está preocupado com a China a curto prazo. É que, diz ele, a posição fiscal do país ¿é realmente boa¿, numa referência à dívida líquida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que é negativa. Depois de 30 anos apostando nas exportações, Yonding disse que hoje o objetivo é crescer no mercado interno, o que é apoiado pelo G-20, o grupo das maiores economias do mundo.

Ministros e banqueiros: auge da crise na Europa já passou

Ainda que a Europa continue bastante endividada, ministros e banqueiros admitiram que o auge da crise da zona do euro já passou.

¿ Não estou esperando nenhum outro choque. O euro caminha para a estabilidade ¿ avalia Wolfgagn Schaeuble, ministro das Finanças da Alemanha.

Há seis meses, disse Schaeuble, a Alemanha estava sendo acusada de estar contribuindo para a ¿destruir¿ as economias da zona do euro, quando decidiu reduzir o seu déficit. Este ano, a Alemanha vai crescer 2,3%, mais do que a França.

¿ O crescimento está sendo retomado, mas mais devagar do que em 2010. Os números não estão ruins ¿ disse Christine Lagarde, ministra da Economia e Finanças da França, prevendo crescimento entre 1,6% e 1,7% na zona do euro.

George Osborne, ministro das Finanças do Reino Unido ¿ que tem um déficit fiscal acima de 10% ¿ anunciou que vai reduzir o déficit e promover reforma estrutural em diferentes setores da economia, como previdência e educação.