Título: PT agora pede financiamento público na eleição
Autor:
Fonte: O Globo, 01/05/2011, O País, p. 13

Risco de inflação é `mais propagandístico que real¿, diz partido

BRASÍLIA. Um dia após aprovar a refiliação do ex-tesoureiro Delúbio Soares, pivô do escândalo do mensalão, o Diretório Nacional do PT divulgou ontem uma resolução sobre reforma política em que defende o financiamento público de campanha como forma de diminuir a influência do grande capital na política, que favorece a corrupção. Um dos réus do escândalo no Supremo Tribunal Federal, Delúbio é acusado, justamente, de abastecer o caixa dois do partido.

Além do financiamento público exclusivo de campanha, a resolução petista defende o voto proporcional em lista preordenada (fechada pelo partido), o fim das coligações proporcionais e a fidelidade partidária. Ontem, o novo presidente do PT, Rui Falcão, fez defesa enfática do financiamento público:

¿ A prioridade máxima é o financiamento público de campanha, porque ajuda a quebrar o peso do poder econômico nas eleições e permite que as campanhas sejam mais baratas. O financiamento público não resolve tudo, mas inibe seguramente a corrupção eleitoral.

O novo presidente do PT negou que o retorno de Delúbio ao partido tenha sido uma espécie de anistia. Segundo ele, os erros não foram apagados. No entendimento de Falcão, a refiliação foi um reconhecimento pelo bom comportamento de Delúbio.

¿ Não é anistia. Os erros estão lá, existiram. Apenas o diretório entendeu que não tem mais por que puni-lo. Não há pena perpétua. Levamos em conta o comportamento dele depois. Ele carregou a estrela do PT, criou blog, demonstrou amor pelo partido ¿ disse Falcão.

Documento diz que oposição vive ¿crise de identidade¿

Em meio ao combate acirrado ao aumento generalizado de preços dos últimos meses, que mobiliza pessoalmente a presidente Dilma Rousseff, o PT classifica de ¿mais propagandísticos do que reais¿ os riscos de escalada da inflação. A afirmação consta da resolução aprovada pelo Diretório Nacional. No texto, o PT defende as ações adotadas para reduzir a pressão inflacionária, como a alta de juros e as medidas de restrição ao crédito.

Na resolução, o PT destacou as dificuldades enfrentadas pela oposição, que, segundo o texto, vive profunda crise de identidade. O texto cita que os partidos de oposição ainda sofrem ¿sequelas do último pleito¿ e estão ¿envolvidos em contradições internas¿, se fragmentando.

O documento alfineta o ex-presidente Fernando Henrique, lembrando que, em artigo recente, ¿o patrono intelectual (do PSDB) desistiu de dialogar com o povo¿. No documento, foi retirada uma provocação ao PSD, partido que está sendo fundado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Segundo petistas, o trecho foi excluído ¿para evitar contaminar a política nacional com a disputa paulista¿.