Título: Senadora da base aliada vai assinar CPI
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 07/06/2011, O País, p. 14

CRISE NO GOVERNO

PCdoB, também da base governista, cobra solução rápida para a crise; Força Sindical pede saída do ministro

Adriana Vasconcelos, Cristiane Jungblut e Silvia Amorim

BRASÍLIA, SÃO PAULO e FORTALEZA. No Congresso, ontem, partiram dos aliados as cobranças por uma definição pública da presidente Dilma Rousseff a respeito do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. No Senado, a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) anunciou que assinará a CPI pedida pela oposição. Entre os aliados, além do PDT do presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o PCdoB cobrou uma solução sobre o que chamou de "crise Palocci". Em seu site oficial, o partido publicou ontem editorial considerando que Palocci não deu explicações satisfatórias à sociedade.

Com a assinatura da senadora Ana Amélia - a terceira da base governista a dar seu aval para a investigação contra Palocci no Congresso - ficam faltando apenas sete assinaturas para que o Senado atinja as 27 necessárias para a instalação de uma CPI na Casa. Outros aliados, como o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), e integrantes do chamado G-8 do PMDB, sinalizaram ontem que poderão seguir os passos da colega, caso não haja uma definição do Planalto sobre o futuro de Palocci.

- A demora do procurador em se pronunciar e as entrevistas pouco convincentes dadas pelo ministro na última sexta-feira me fizeram a tomar essa decisão - disse a senadora Ana Amélia, à tarde, antes de o procurador Roberto Gurgel decidir pelo arquivamento da representação contra Palocci. - Não tenho nenhum cargo no governo. Minha relação com o governo é republicana. Sou independente.

Já o chamado G-8 do PMDB, formado por oito senadores independentes do partido, deverá voltar a se reunir esta semana para analisar a proposta de criação da CPI.

Em nota no seu site, o PCdoB, tradicional aliado do PT, cobrou uma solução rápida para crise Palocci, com a alegação de que o governo"encontra-se paralisado e sob uma saraivada de ataques". Embora o partido não peça o afastamento do ministro, o PCdoB expressa sua desconfiança: "As denúncias de enriquecimento ilícito e tráfico de influência, não explicadas nem satisfatoriamente respondidas por Palocci, abriram uma séria crise política e de governo".

O partido cobra ainda que a presidente Dilma assuma o controle político de seu governo. O site do PCdoB publica carta do presidente nacional, Renato Rabelo, na qual diz que "o Partido opina que a crise na qual está envolto o ministro Antonio Palocci exige uma solução que fortaleça a autoridade da presidente Dilma na condução política do governo. Esta resposta corresponde aos anseios da base aliada e da maioria da Nação".

Na carta divulgada ontem, a Força Sindical pede o afastamento imediato de Palocci. A central, cujo relacionamento com governo anda estremecido desde a votação do salário mínimo, assume discurso de oposição.

"O imediato afastamento do ministro só trará benefícios para o país, que vive um bom momento econômico, com pleno emprego e sinais de controle inflacionário, mas começa a sentir a paralisia política do governo", diz o texto, assinado pelo presidente da entidade, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

No Ceará, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, presidente estadual do PT do Ceará, cobrou explicações públicas do ministro. Mesmo dizendo que é cedo para condenar, a petista acha que Palocci deve pedir para sair se não conseguir explicar o crescimento do patrimônio:

- Acho que se for necessário (para) que o governo tenha estabilidade, acho que ele deve ter o discernimento de deixar o cargo se achar que não conseguirá explicar esse enriquecimento, supostamente, na proporção que foi.

Na Câmara, o presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), prometeu decidir hoje sobre a questão da convocação de Palocci pela Comissão de Agricultura. Maia decidiu anular a convocação, mas reclamou com aliados que estava incomodado em ter que assumir esse desgaste.

Enquanto Palocci resiste no cargo, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), promete empenho para evitar a CPI e a convocação de Palocci:

- A orientação será pela derrubada do requerimento. Não vejo necessidade da convocação do ministro e de CPI. O ministro já deu explicações em entrevistas e forneceu as informações aos órgãos técnicos.

COLABOROU: Isabela Martin