Título: Dino assume presidência da Embratur
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Fonte: O Globo, 30/06/2011, O País, p. 12

Família Sarney é contrária à indicação de ex-deputado

BRASÍLIA. Depois de seis meses de espera, o ex-deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) tomou posse na presidência da Embratur. A demora foi em função da resistência da família Sarney, que é adversária de Dino no Maranhão, em relação à indicação. Inicialmente, o ex-deputado assumiria um cargo de destaque no Ministério da Justiça. Ele chegou a ser convidado pelo ministro da pasta, José Eduardo Cardozo, mas a nomeação não foi consumada porque na transição houve o veto da família Sarney. Nos bastidores, quem atuou para derrubar o veto contra Dino foi o vice-presidente Michel Temer, do PMDB.

Para evitar mal-estar, Michel Temer escalou integrantes do partido para prestigiar a posse: o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, e o líder do partido na Câmara, Henrique Alves (RN). Ninguém da família Sarney, no entanto, compareceu à cerimônia.

Quem deu posse a Dino foi o ministro do Turismo, Pedro Novais, também do PMDB e afilhado político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Apesar de adversário político de Dino no Maranhão, Novais foi cortês na posse. O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, destacou o papel de Temer em viabilizar a nomeação de Dino.

- Colocamos como uma demanda emblemática a indicação do Flávio Dino. É um grande quadro nosso. O vice Michel Temer jogou um papel importante na nomeação do Dino. Tanto que está indo agora trabalhar com um ministro do PMDB - declarou.

Para Rabelo, há um vazio político no Maranhão

Rabelo ressaltou ainda que a relação entre Sarney e o PCdoB é amistosa há muito tempo, embora haja divergências, estando em campos distintos no Maranhão. No ano passado, Roseana Sarney, filha de José Sarney, foi reeleita governadora do estado, derrotando Dino.

- Há uma espécie de vazio político no Maranhão, com o fim de um ciclo de lideranças. E o Dino ocupa esse espaço - argumentou, acrescentando:

- O próprio Sarney e a Roseana vão compreender, até porque Sarney é um homem de letras.

Dino também minimizou os atritos com a família Sarney.

- Há um processo político regional que tem uma lógica própria. E há uma coligação nacional. Não tenho dificuldade em trabalhar com o PMDB, até porque conheço o deputado (ministro Pedro Novais).

Dino também foi questionado a respeito do veto de Sarney, respondendo:

- Estou convencido de que não terá tempestade.