Título: Bolsa segue pessimismo global e recua 0,49%
Autor: Eichenberg, Fernando
Fonte: O Globo, 02/08/2011, Economia, p. 17

Após subir 1,22% de manhã, Ibovespa cede e encerra a 58.535 pontos. Dólar avança 0,57% e fecha a R$1,563

Seguindo as principais bolsas de valores do mundo, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) começou a semana em queda. O Ibovespa, referência do mercado, recuou ontem 0,49%, aos 58.535 pontos, invertendo a tendência de alta da manhã. No início do pregão, o índice chegou a subir 1,22%. Também influenciado pelo cenário internacional, o dólar comercial fechou em alta de 0,57% ontem, cotado a R$1,563.

A alta da manhã seguiu o anúncio, feito no domingo à noite pelo presidente dos EUA, Barack Obama, de que democratas e republicanos haviam chegado a um acordo em torno da elevação do teto do endividamento do governo americano. Obama fez o anúncio antes da abertura dos mercados asiáticos, que fecharam em alta.

No entanto, o otimismo não resistiu à divulgação, ainda de manhã, nos EUA, do índice de atividade industrial do ISM (Instituto de Gestão de Suprimentos, na sigla em inglês), que sinalizou desaceleração e veio abaixo do esperado por analistas, invertendo a tendência nas bolsas.

Petrobras e Vale impediram queda maior do Ibovespa

Na Europa, fecharam em queda os principais índices: Londres, com perda 0,70%; Paris, com 2,31%; Frankfurt, com 2,86%; e Milão, com 3,87%. Na Bolsa de Valores de Nova York, o Dow Jones registrou queda de 0,09%, o S&P 500 caiu 0,41% e o Nasdaq perdeu 0,43%.

Segundo o estrategista de varejo da corretora Ágora, José Francisco Cataldo, o alívio pelo acordo sobre a dívida pública dos EUA foi curto, pois a solução foi vista como temporária e a lentidão da recuperação econômica americana preocupa.

- Foi bom que se chegasse ao acordo, mas é preciso olhar os efeitos no longo prazo.

Pedro Galdi, analista da corretora SLW, lembra que o Ibovespa só não caiu mais por causa das ações da Petrobras e da Vale, que têm grande peso no índice e ficaram perto da estabilidade. As preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras fecharam estáveis, a R$23,50, enquanto os papéis ordinários (ON, com voto) subiram 0,38%, a R$26,15. Já as ações PN da Vale perderam 0,07%, a R$45,58, e as ON subiram 0,04%, a R$50,20.

No câmbio, o dólar se valorizou perante a maioria das moedas. Temores relacionados às dívidas públicas na Europa também influenciaram o euro, que perdeu 1,03% em relação ao dólar.

- Mas a tendência de baixa para o dólar frente ao real permanece - diz o analista de câmbio da corretora BGC/Liquidez, Mario Paiva.

Influência externa à parte, chamou atenção ontem a movimentação da Oi - papéis da antiga Telemar e da Brasil Telecom (BrT). As ações ON da Tele Norte Leste Participações (TNLP) tiveram a maior alta do Ibovespa, com 4,43%, a R$25. Já a PN da BrT perdeu 2,82%, a R$12,75 e a ON caiu 12,30%, a R$13,30.

A Oi divulgou ontem novos números para a relação de troca de ações em sua reestruturação societária, que faz parte do processo de aquisição da BrT. Os cálculos são de comitês independentes e agora seguem para aprovação junto aos Conselhos de Administração das empresas. Para a analista do setor de telecomunicações da Ativa Corretora, Luciana Leocádio, pouco mudou em relação à proposta inicial da Oi.

- Houve um reajuste das cotações, pois as ações ON da TNLP perderam muito desde o anúncio da reestruturação.