Título: Aécio defende pacto para aprovar reformas
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 30/08/2011, O País, p. 13

Oposição deve se unir contra "interesses menos nobres", diz senador; FH apoia, desde que iniciativa seja do Executivo

BELO HORIZONTE. Uma das principais vozes da oposição ao governo Dilma Rousseff (PT), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu ontem um "pacto de governabilidade" com o governo federal, para que Dilma não fique refém de interesses "menos nobres" de parlamentares da base aliada e consiga aprovar projetos de interesse do país.

- Falta ao governo a coragem necessária para chamar as oposições quando tiver convicção de qual seja o caminho, e aceitar sentar conosco. Um pacto de governabilidade que impeça que aqueles que queiram se locupletar, aqueles que queiram se aproveitar do Estado para objetivos menos nobres, não tenham o espaço que estão tendo hoje - declarou o senador, durante palestra para empresários cristãos na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Aécio contou ser constantemente cobrado a liderar uma ação oposicionista mais "dura e frontal" em relação ao Executivo, mas prefere se posicionar como alguém disposto a fazer oposição ao governo, e não ao país.

- Temos que ter responsabilidade para conseguir separar as questões de Estado das questões de governo. Combater, fazer oposição, denunciar os malfeitos, cobrar resultados são responsabilidades da oposição, e são absolutamente necessárias, mas ter a capacidade, a grandeza para se sentar à mesa com o governo, para discutir, por exemplo, as grandes reformas que aí estão inconclusas, imobilizadas e paralisadas, é também responsabilidade da oposição - acrescentou o senador tucano, que citou a formação de feudos dominados por partidos políticos como um dos motivos dos escândalos recentes de corrupção ocorridos no país.

"É hora de buscar convergências", diz FH

Perguntado sobre um eventual pacto de governabilidade, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a participação do PSDB, desde que o chamado seja uma iniciativa do Executivo.

- Depende da atitude do próprio governo, de querer realmente fazer a faxina. Se quiser avançar mais, eu acho que é (hora de) buscar convergências. Agora, isso não pode ser confundido com adesão. Temos pontos de vista diferentes em muitas matérias, vamos manter pontos de vista diferentes - salientou ontem Fernando Henrique, que recebeu homenagens de jovens empresários durante o Fórum Liberdade e Democracia, em Belo Horizonte, e um jantar promovido pelo PSDB em um clube da capital mineira.

O tucano também apoiou a instauração de uma CPI da Corrupção, se esta for uma iniciativa para buscar soluções para promover mudanças no sistema político do país, e não simplesmente para denunciar malfeitos.

- Não há mal nenhum (em criar a CPI) e acho que até o governo deveria apoiar - disse o ex-presidente.