Título: Pés fincados no PDT
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 18/08/2009, Política, p. 6

Cristovam Buarque chegou a cogitar deixar a legenda diante da pressão do presidente Lula para que ele não concorresse à reeleição. Partido não cedeu ao apelo e o ex-governador do DF jura que fica

O senador ironizou: ¿Se fosse pelo presidente, eu voltaria para a UnB¿

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) descartou os planos de deixar o PDT depois de o ministro do Trabalho e presidente licenciado do partido, Carlos Lupi, ter lhe garantido que está mantido o projeto de disputar a reeleição ao senado pela legenda no ano que vem. Buarque ficou preocupado em ser jogado para escanteio e ficar sem mandato a partir de 2011.

O receio fazia sentido. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostaria que o ex-governador do DF saísse do Senado e se candidatasse a uma vaga na Câmara. O recado foi dado ao ministro do Trabalho, que rejeitou a proposta. Ciente da articulação, Cristovam cogitou buscar partidos alternativos que lhe garantissem a disputa ao Senado.

¿Não vou sair do PDT. Já saí uma vez de partido. Se saísse de novo, pareceria que estou numa gangorra¿, comentou. Cristovam aproveitou para ironizar as articulações do presidente Lula, que negocia com os aliados a montagem de chapas favoráveis à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Lula quer eleger um Senado mais favorável caso eleja a sucessora e vê em Cristovam um opositor.

¿Se fosse pela vontade do presidente, eu voltaria a dar aulas na UnB¿, emendou Cristovam. Apesar de já preparar a campanha para o Senado, o pedetista gostaria de ser novamente candidato a presidente, como fez em 2006, levando adiante a bandeira da educação. Mas acha a hipótese improvável, diante da sinalização de Lupi favorável à aliança com Dilma Rousseff.

A opção pela Presidência deve-se, segundo ele, a uma desilusão com o Senado, diante da onda de denúncias que aflige a Casa, em especial o presidente José Sarney (PMDB-AP). E afirmou que disputará o cargo como obrigação. ¿Se o partido quisesse, eu sairia para presidente.¿

Apoio a Marina Nos bastidores, houve comentários de que um dos destinos possíveis do senador seria o PV, para uma possível chapa com a senadora Marina Silva (PT-AC). A ex-ministra do Meio Ambiente flerta com os verdes para se lançar na disputa presidencial. ¿Eu seria o vice de Marina se o PDT a apoiasse. Não filiado ao PV¿, explicou Cristovam. Na semana passada, o pedetista encontrou-se com a senadora para defender a candidatura presidencial dela. Apresentou a plataforma que utilizou em 2006 na corrida pelo Palácio do Planalto, quando encabeçou chapa com Jeferson Peres (PDT-AM), morto em 2008.

Cristovam disse a Marina que se o PDT não lançar candidato à Presidência e fechar com Dilma, ele a apoiará individualmente e contrariará a direção do partido. ¿Diante das possibilidades colocadas, Dilma e Serra, acho que ela é a melhor opção¿, disse, em referência ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que disputa a indicação tucana com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves.