Título: BC vê queda da atividade econômica e PIB do país pode ficar estagnado
Autor: Valente, Gabriela; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 14/10/2011, Economia, p. 24

Índice caiu 0,53% em agosto. Sondagem mostra comércio em marcha lenta

BRASÍLIA. Depois de retomar fôlego em julho, o crescimento do país voltou a desacelerar em agosto. De acordo com o Banco Central (BC), o índice que antecipa o nível de atividade econômica brasileira apresentou queda de 0,53%. O dado confirmou o esperado pela própria instituição: o desempenho positivo de julho foi só uma pequena recuperação e a economia entrou agora no pico da desaceleração. Com isso, o BC espera que a inflação volte ao centro da meta no fim do ano que vem.

Foi a terceira vez neste ano em que o indicador ficou negativo. O Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) dos últimos 12 meses chegou a 4,07%, numa trajetória de nove quedas que se acentuam a cada mês.

"Os IBC-Brs de julho e agosto apontam crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) próximo de zero no terceiro trimestre; dados parciais de atividade de setembro sugerem ser grande a possibilidade de retração (no período)", diz um comunicado de ontem da consultoria LCA.

Segundo o economista-chefe do Banco Espírito Santo, Flávio Serrano, essa queda não é a mesma descrita pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Isso porque não reflete o cenário internacional, mas sim a perda de vigor da indústria e do comércio, influenciada pelo tombo nas vendas de automóveis após a restrição do crédito ao setor.

E a expectativa de Serrano é que a indústria continue a perder força em setembro. Mas o varejo já deve recuperar devido ao mercado interno. E o índice do BC deverá ficar positivo em outubro. Por isso, ele não crê que o BC traga a inflação de volta ao centro da meta em 2012, apostando em IPCA de 5,7%. Ou seja, acima do alvo de 4,5%, mas dentro da margem de tolerância, de 6,5%.

Para o ex-diretor do BC e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, o varejo não sofrerá tanto quanto a indústria, mas não deverá permanecer tão forte:

- As pessoas estão mais preocupadas com a crise e o emprego já não cresce como antes.

Segundo pesquisa divulgada ontem pelo BC em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o comércio está em marcha lenta. A Sondagem Conjuntural do Comércio mostra que o índice de confiança dos empresários está em queda desde maio. Entre julho e setembro de 2011, o indicador caiu 1,6%. E o índice que mede a avaliação sobre a situação atual está 4% abaixo do indicador de 2010. .