Título: PF vai indiciar ex-ministro da Agricultura
Autor: Carvalho, Jailton de; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 29/10/2011, O País, p. 14

Rossi deve responder por peculato, formação de qudrilha e fraude; outros demitidos estão sob investigação

BRASÍLIA. Dos cinco ministros demitidos pela presidente Dilma Rousseff em meio a denúncias de irregularidades, o ex-deputado Wagner Rossi (PMDB-SP) é o que está em situação mais grave. Na próxima semana, a Polícia Federal deverá indiciar o ex-ministro da Agricultura por formação de quadrilha, peculato e fraude em licitação. O ex-ministro também será chamado para depor.

Rossi é acusado de beneficiar empresas de amigos no período em que esteve à frente do Ministério da Agricultura. O ex-secretário-executivo do ministério Milton Ortolan e o lobista Júlio Fróes também serão intimados para depor no mesmo inquérito.

Os outros quatro ex-ministros - Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte) - também ainda devem explicações à Justiça. Palocci responde a inquérito civil público. Outro inquérito apura irregularidades cometidas no Ministério do Turismo quando a pasta era comandada por Pedro Novais. Uma terceira investigação trata de fraudes cometidas no Ministério dos Transportes durante a gestão de Alfredo Nascimento. Orlando Silva, demitido do Ministério do Esporte, é alvo de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Na semana passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar a suposta participação de Orlando Silva em desvios de dinheiro público do programa Segundo Tempo, destinado ao incentivo à prática esportiva entre jovens e crianças. Como ele deixou o cargo, perdeu o direito ao foro especial. A ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, determinou a transferência do inquérito ao STJ. Orlando será investigado junto com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PF), que também foi ministro do Esporte.

Palocci, que deixou o governo em junho, é acusado de ter multiplicado seu patrimônio de forma vertiginosa entre 2006 e 2010, quando era deputado federal e dono de uma empresa de consultoria. Ele teria usado sua influência para garantir a empresas privadas contratos com o poder público, o que nega. O procurador-geral da República arquivou a parte criminal da investigação. No momento, o procurador da República no Distrito Federal Gustavo Velloso avalia se, diante de novos fatos, reabre o caso criminal. O inquérito civil tramita separadamente.

Nascimento, senador, tem foro privilegiado

Wagner Rossi é investigado num inquérito aberto para apurar suposta fraude na contratação da Fundação São Paulo (Fundasp), na qual o nome da Fundação Getulio Vargas teria sido usado indevidamente. O contrato era de R$9,1 milhões. Também há outras três ações civis por improbidade administrativa apurando fraudes ocorridas no Ministério da Agricultura quando Rossi estava no comando.

Outro inquérito tenta desvendar o suposto superfaturamento em contratos de obras públicas no Ministério do Transporte que teriam o objetivo de alimentar os cofres do PR e de seus parlamentares. Alfredo Nascimento era ministro à época das irregularidades. Ele deixou o governo em julho e não é alvo declarado da investigação: como é senador, só poderia ser investigado em inquérito conduzido pelo STF.