Título: Haddad e Bruno Covas vaiados em reduto do PT
Autor: Barbosa, Adauri Antunes; Oliveira, Germano
Fonte: O Globo, 23/12/2011, O País, p. 13

Lula não foi ao evento, no Sindicato dos Bancários, porque se recupera da quimio

SÃO PAULO. O ministro da Educação, Fernando Haddad, pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, foi vaiado ontem quando seu nome foi anunciado no começo da celebração de Natal dos catadores de materiais recicláveis, da qual participou ao lado da presidente Dilma Rousseff e de outros seis ministros.

- Não tenho ideia. Não sei (o que aconteceu) - disse Haddad depois da solenidade, realizada na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, no Centro, um dos principais redutos petistas da capital e onde começaram as greves dos bancários, ligados a ex-presidentes do PT, como o próprio Lula, Luiz Gushiken e Ricardo Berzoini.

As vaias ao pré-candidato petista partiram de um pequeno grupo que participava da celebração dos catadores. Ligados ao PT, os militantes, possivelmente vinculados a grupos que defendiam uma das outras três pré-candidaturas do partido, puxaram uma rápida, porém sonora, vaia. Extraoficialmente, petistas dizem que podem ser ligados à senadora Marta Suplicy, que precisou renunciar ao interesse de disputar a prefeitura novamente. Ela foi "convencida" por Lula a desistir de cobrar prévias para a escolha do candidato do partido. Lula insistiu, e venceu, com a ideia de lançar Haddad candidato.

Nos bastidores, petistas dizem que se Lula estivesse no palanque, ao lado de Haddad, as vaias poderiam ser evitadas, mas o ex-presidente ficou em seu apartamento em São Bernardo do Campo, recuperando-se de mais uma sessão de quimioterapia.

Representante do governo estadual do PSDB no evento, o deputado estadual Bruno Covas, que é secretário do Meio Ambiente e o preferido do governador Geraldo Alckmin para ser o candidato tucano à prefeitura paulistana, também foi vaiado. No começo, quando seu nome foi anunciado, Bruno, neto do governador Mário Covas (PSDB), que morreu de câncer em 2001, chegou a ser aplaudido. Pouco depois, porém, quando foi chamado para assinar um convênio, recebeu vaias.

Os senadores petistas de São Paulo Eduardo Suplicy e Marta Suplicy foram os mais aplaudidos, atrás apenas de Dilma. Além de Haddad, outros ministros participaram do evento: Alexandre Padilha, da Saúde; Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência; Aloízio Mercadante, da Ciência e Tecnologia; Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos; Teresa Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; e Paulo Roberto Pinto, interino do Trabalho.

Para persuadir o partido a aceitar Haddad, além de Marta, Lula teve de convencer outros dois pré-candidatos a deixarem a disputa, evitando a eleição prévia e o desgaste político que o processo poderia acarretar: os deputados federais Carlos Zaratini e Jilmar Tatto.