Título: Contraditório, PT chega aos 32 anos
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 10/02/2012, O País, p. 15

Partido tenta acertar discurso sobre governo; Marta descarta palanque com Kassab

Adriana Vasconcelos André de Souza

BRASÍLIA. O PT faz festa hoje em Brasília, para comemorar os 32 anos de sua fundação, com uma agenda de contradições. Por meio de uma resolução política que foi discutida exaustivamente ontem pelo Diretório Nacional, o partido, além de tentar acertar seu discurso sobre a guinada do governo Dilma em relação às privatizações, busca reduzir as resistências internas à política de alianças definida para as eleições deste ano, especialmente em São Paulo. O documento também prega a velha e polêmica bandeira dos petistas: o que eles chamam de "democratização" dos meios de comunicação. A resolução do PT ainda terá uma versão final a ser apresentada hoje, mas o texto discutido ontem estabelecia a importância do debate sobre os meios de comunicação: "Outra campanha importante que o PT lançou e na qual avançará em 2012 é a campanha pela democratização dos meios de comunicação de massa, que aperfeiçoa nosso processo democrático ao dar voz a todos os setores da sociedade". No mesmo item, o comando petista emendou que 2012 também será o ano da Comissão da Verdade. Embora irritado com as versões vazadas sobre a resolução política que será divulgada hoje, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, confirmou que a concessão dos aeroportos foi debatida no diretório nacional e constará do documento oficial. Falcão rebateu as declarações do PSDB de que o PT rendeu-se às privatizações ao conceder aeroportos para a iniciativa privada: — Nós não confundimos concessões com privataria. As concessões fazem parte da Constituição, e o PT nunca se voltou contra a concessão de serviço público. Na resolução do partido, a argumentação é semelhante: "Não é verdade que acabou a disputa ideológica sobre as privatizações, como afirmou uma apressada voz tucana", começa, em referência indireta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sobre a greve dos PMs na Bahia, o documento reitera que o PT sempre apoiou e continuará apoiando movimentos grevistas, desde que sejam pacíficos. O ex-presidente Lula não irá à festa do PT, por causa do tratamento contra o câncer, mas está trabalhando ativamente para atrair o PSD de Gilberto Kassab à campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. — Na política os acordos têm que ser feitos. E, muitas vezes, nós temos imposições nacionais, como no caso da Dilma, e outras vezes regionais, que se justificam principalmente se a intenção é ganhar. No caso de São Paulo, eu acho que está sendo um esforço grande, mas me parece complicado uma associação com o Kassab — disse a senadora Marta Suplicy (PT). — Tenho que aguardar uma decisão partidária (sobre) se essa aliança vai acontecer. Não quero ter o susto de entrar de cabeça e acordar de mãos dadas com o Kassab